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mardi 16 octobre 2018

Georgina de Albuquerque, pintora, Brasil – 1885-1962


Paisagem do Rio de Janeiro, 
Georgina de Albuquerque, 19__?
Georgina Moura Andrade de Albuquerque foi uma pintora, desenhista e professora brasileira que nasceu em Taubaté, SP, em 4 de fevereiro de 1885 e morreu no Rio de Janeiro, RJ, em 29 de agosto de 1962. Considerada uma das primeiras mulheres brasileiras a conseguir firmar-se internacionalmente como artista, Georgina foi também pioneira na pintura histórica nacional. Tal gênero artístico permaneceu restrito ao universo masculino até 1922, quando a artista expôs a obra Sessão do Conselho de Estado. A composição estética da pintura rompeu com os paradigmas academicistas vigentes ao colocar uma mulher como protagonista de um momento histórico brasileiro. Além da pintura histórica, a obra de Georgina também apresenta telas de naturezas-mortas, nus artísticos, retratos, cenas do quotidiano, bem como paisagens urbanas, provincianas e marinhas. Georgina foi ainda a primeira mulher a ocupar a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde estudou e lecionou.

Lady, 
Georgina de Albuquerque, 
1906.
Georgina iniciou os estudos em pintura aos 15 anos, em 1900, na cidade de Taubaté. Sob a tutela do pintor italiano Rosalbino Santoro, que vivia na casa dela, a artista aprendeu os princípios básicos da pintura, como aplicar as leis da perspectiva e as técnicas de mistura de tintas. Como aluna de Santoro, Georgina expôs pela primeira vez, em 1903, na X Exposição Geral de Belas Artes.

Em 1904, aos 19 anos, Georgina mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro. Na capital fluminense, ela ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluna do pintor Henrique Bernardelli, irmão do escultor Rodolfo Bernardelli e do pintor Félix Bernardelli. Henrique lecionou na escola até 1906, quando foi substituído por Eliseu Visconti. Um ano após ter ingressado na Escola Nacional de Belas Artes, Georgina participou da XII Exposição Geral[7] mas sem declarar que pertencia à instituição, destacando apenas o nome do mestre dela, Bernardelli.

Georgina, Lucílio e os filhos.
Em março de 1906, Georgina casou-se com o pintor piauiense Lucílio de Albuquerque, que ela havia conhecido na Escola Nacional de Belas Artes. Laureado, em 1905, com um prêmio que lhe garantia uma viagem ao exterior, Lucílio foi à França no ano seguinte, acompanhado da esposa, para estudar. Georgina completaria a formação artística dela frequentando a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Escola Nacional Superior de Belas Artes) e as aulas livres da Academia Julian. Ela se tornou a primeira mulher brasileira a obter sucesso nas rígidas avaliações de ingresso da Escola Nacional de Belas Artes francesa.

Moças, 
Georgina de Albuquerque, 
19__?
Durante a estadia dela na Europa, a brasileira foi fortemente influenciada pelas técnicas pictóricas impressionistas, nas quais os artistas buscam representar as formas tais como elas se apresentam sob a deformação da luz. Ela e o marido permanecerem por cinco anos em viagem de aprendizado na França.

Paisagem com Rio, 
Georgina de Albuquerque, 
19__?

Embora tenha frequentado as aulas livres dos estúdios de Julian, não subsistiram registros que confirmem a passagem de Georgina pela Academia. O mesmo aconteceu com a escultora brasileira Julieta de França, que foi ao país estudar após vencer o Prêmio de Viagem da Escola Nacional de Belas Artes, em 1900. Isso se deve ao fato de que os arquivos relativos aos ateliês femininos não eram preservados. 

Retrato de 
Georgina de Albuquerque, 
Lucílio de Albuquerque, 
1907.
Fixada a residência do casal em Paris, Georgina entrou em contato com artistas como Paul Gervais e Decheneau, os quais lecionavam na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Escola Nacional Superior de Belas Artes). Já na Academia Julian, a pintora paulista conheceu o artista Henry Royer, do qual foi aluna. Tendo como chave da formação o desenho, a Academia Julian exigia "destreza, trabalho e paciência dos seus estudantes", como aponta Ana Paula Cavalcanti Simioni.

A Forja, 
Georgina de Albuquerque, 
19__?
A valorização da técnica pictórica do desenho em sua formação teria influenciado, posteriormente, Georgina a redigir a tese acadêmica O Desenho Como Base no Ensino das Artes Plásticas (1942). Nela, a autora defende a noção de que os diferentes estilos e as diferentes épocas das civilizações podem ser caracterizados pelo desenho.

Crianças, 
Georgina de Albuquerque, 19__?
De acordo com o pintor e crítico de arte Quirino Campofiorito, apesar de Georgina ter alcançado o quarto lugar no processo seletivo de ingresso na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Escola Nacional Superior de Belas Artes), ela não apresentou “igual produtividade” à de Lucílio durante a estadia dos dois em Paris. Para ele, isso pode ser associado ao nascimento dos filhos do casal, uma vez que “os encargos domésticos eram irremovíveis à figura materna”.

Paisagem, 
Georgina de Albuquerque, 19__?
Em 1920, Georgina tornou-se a primeira mulher brasileira a participar de um júri de pintura. Tal fato foi resultado da medalha de ouro que ela recebeu um ano antes, na Exposição Geral de Belas-Artes de 1919. Participar de um jurado de pintura ajudou a pintora paulista a consolidar uma base institucional, assim como uma posição bem-sucedida dentro da Academia.

Sessão do Conselho de Estado, 
Georgina de Albuquerque, 1922.
Um dos anos mais emblemáticos para a maturação do estilo artístico de Georgina de Albuquerque foi 1922. Até então, a pintura histórica brasileira era restrita ao universo masculino. Entretanto, com a obra Sessão do Conselho de Estado (óleo sobre tela, 210 cm x 265 cm[19]), Georgina rompe com esse paradigma, tornando-se a primeira pintora histórica brasileira de que se tem registro. Nesta obra, a artista apresenta uma visão até então inexplorada sobre as representações da Independência do Brasil. Diferentemente da imagem de um processo de independência heroico (como é o caso de Independência ou Morte,1888, de Pedro Américo de Figueiredo), Georgina procura abordar o episódio da perspectiva de um evento diplomático, realizado dentro de um gabinete, e tendo como figura central uma mulher: a Imperatriz Maria Leopoldina.  

Primavera, 
Georgina de Albuquerque, 1926.
No ano de 1927, Georgina passou a fazer parte do corpo da Escola Nacional de Belas Artes como livre-docente. Posteriormente, ela assumiu o posto de catedrática-interina, tornando-se, em 1952, a primeira mulher a ocupar a diretoria da instituição.

As pinturas de Georgina de Albuquerque trazem, como influência, as técnicas pictóricas do Impressionismo e suas derivações. Isso se manifesta na escolha das paletas de cores, que são exploradas por meio das incidências luminosas e da vibração cromática do quadro. As obras da pintora paulista radicada na capital fluminense também são reconhecidas pelo tratamento da cor e pelo domínio do desenho da figura humana. Nos trabalhos de Georgina há a prevalência de cores claras, resultantes da pesquisa da artista em relação aos efeitos de sol sobre os corpos humanos, como aponta Angyone Costa.

Canto do Rio, 
Georgina de Albuquerque, 1926.
Em 1911, Georgina retornou ao Brasil acompanhada pelo marido Lucílio e pelos filhos deles. Influenciada pela estética impressionista, a artista passou a reproduzir nos trabalhos dela os ensinamentos recebidos ao longo dos cinco anos em que esteve na Europa. De acordo com Arthur Gomes Valle, a influência da técnica pictórica impressionista pode ser associada ao contato de Georgina com os trabalhos de artistas como Paul Gervais, de quem foi aluna na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Escola Nacional Superior de Belas Artes). Para Valle, uma obra de Georgina que representa a influência estética do impressionismo é a pintura Flor de Manacá (óleo sobre tela, 150 x 130 cm). Nela, a pintora utiliza um tratamento formal baseado na "fatura livre" e "na exacerbação da vibração cromática do quadro". Ainda de acordo com Valle, é possível estabelecer uma relação de parentesco entre o procedimento formal que Gervais empregava em seus quadros e o de Georgina. Conforme explica, a semelhança se evidencia nas pinceladas livres e no caráter "anedótico" das formas que são representadas.

Roceira, 
Georgina de Albuquerque, 1930.
O rótulo de pintora impressionista comumente dado a Georgina de Albuquerque é, no entanto, controverso e questionado por críticos de arte como José Roberto Teixeira Leite e Quirino Campofiorito. Para este, o impressionismo europeu foi reproduzido na arte brasileira de forma “diluída”, “sem sua inteira autenticidade”, em um contexto no qual “lhe são adicionados certos preconceitos de técnica e forma”. Portanto, de acordo com Campofiorito, as produções artísticas de Georgina dos anos 1910 não poderiam ser classificadas como desdobramentos da pintura impressionista europeia. Este posicionamento é reafirmado por Teixeira Leite, o qual afirma que a pintora paulista teria apenas um entendimento “singelo” do que seria a técnica pictórica impressionista. 

Mulher com Criança no Parque, 
Georgina de Albuquerque, 19__?
Diante da dificuldade de encaixar Georgina de Albuquerque entre os movimentos artísticos da época, estudiosos e críticos de arte tendem a classificá-la como uma “pintora eclética”. De acordo com Arthur Gomes Valle, essa classificação é, no entanto, reducionista, uma vez que a noção do conceito de ecletismo dentro da pintura do período criativo da artista é vaga e fluida.


No Cafezal, 
Georgina de Albuquerque, 1951.
A Charrete, 
Georgina de Albuquerque, 1962.









A pintura histórica Sessão do Conselho de Estado é considerada uma das obras mais emblemáticas de Georgina de Albuquerque. Pintado a partir da técnica óleo sobre tela, em um panorama de 210 cm por 265 cm, o quadro foi confeccionado em função do edital de Comissão Executiva do Centenário — Secção de Belas Artes, em comemoração aos 100 anos de proclamação de Independência do Brasil. A obra foi exposta pela primeira vez como parte da Exposição de Arte Contemporânea e Arte Retrospectiva do Centenário da Independência, inaugurada em 12 de novembro de 1922. Atualmente, encontra-se no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. A produção da pintora paulista é considerada pioneira por diversos aspectos. Além de ser a primeira pintura histórica feita por uma mulher, Sessão do Conselho de Estado apresenta o episódio de Independência do Brasil como um evento diplomático realizado dentro de um gabinete, em vez de retratá-lo como um evento histórico triunfal, marcado pelas cenas de guerra em que se destaca a figura heroica masculina. De acordo com a pesquisadora Ana Paula Cavalcanti Simioni, o quadro transita entre “discretas ousadias e convenções”. Para ela, isso se deve ao fato de que, pela primeira vez, Georgina de Albuquerque se aventurou a pintar uma tela com motivo heroico, no qual ela deslocava o ato da independência — heroicamente retratado pelas figuras masculinas em Independência ou Morte, de Pedro Américo — para o interior de um gabinete, dando protagonismo político à figura feminina e contrariando certas expectativas que até então serviam de respaldo à visão dos elementos que deveriam aparecer em uma pintura histórica. No entanto, Simioni atribui à obra um certo “conservadorismo” em relação à forma e à técnica utilizadas. Isto, por sua vez, pode ser atribuído ao viés academicista dado por Georgina de Albuquerque às suas obras.

É possível ainda analisar Sessão do Conselho de Estado partindo de um viés feminista, uma vez que o ano de 1922 foi marcado pela luta feminina em obter o direito ao voto e à cidadania plena. Nesse ano, ocorreu no Brasil o Primeiro Congresso Feminista, organizado por Bertha Lutz, responsável também por fundar, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Simioni chama atenção ao fato de que a obra de Georgina de Albuquerque surge em um momento histórico-social no qual as mulheres que desejavam seguir a carreira artística enfrentavam dificuldades de gênero. Isso se devia ao caráter excludente do sistema acadêmico, que impedia alunas de frequentarem aulas de desenho e estudo do nu artístico, fase fundamental para a formação da carreira do artista. Dentro desse contexto, Vicentis defende que a composição de Sessão do Conselho de Estado oferece respaldo à luta feminista pelo reconhecimento do direito da mulher ao voto e à cidadania plena ao retratar, pela primeira vez, uma mulher decidindo os rumos da política do Brasil.

Para produzir Sessão do Conselho de Estado, Georgina, na composição estética, buscou retratar um acontecimento que colocasse a princesa regente Maria Leopoldina como apoiadora da libertação do Brasil em relação à Corte Portuguesa. Para isso, a artista recorreu a fontes do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro como forma de fundamentar sua pesquisa para compor o episódio. Como aponta Paulo de Vicentis na dissertação Pintura Histórica no Salão do Centenário da Independência do Brasil (2015), é possível traçar semelhanças entre a aparência física de Maria Leopoldina na obra de Georgina com um perfil da Imperatriz feito por Jean-Baptiste Debret, o qual se encontra na publicação Voyage Pitoresque et Historique au Brésil (Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, 1836).

O quadro apresenta Maria Leopoldina em uma sala com seus Conselheiros de Estado. Sentada em uma cadeira de alto espaldar, ela traz às mãos os despachos da Corte, que entre outras medidas exigiam o retorno de D. Pedro I a Portugal e que fosse restabelecido o controle exclusivo colonial. Além de Maria Leopoldina, também estão representados na obra: José Bonifácio de Andrada e Silva (em pé e diante da Princesa), Martim Francisco de Andrada e Silva (sentado no lado contíguo da mesa em que Maria Leopoldina se encontra), José Clemente Pereira (atrás de Martim Francisco), Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Manoel Antonio Farinha, Lucas José Obes (o Conselheiro Obes) e Luiz Pereira da Nóbrega.

À época, a obra foi bem recebida pela crítica de arte brasileira. Ercole Cremona (pseudônimo de Adalberto de Mattos) escreveu sobre Sessão do Conselho de Estado para a revista Illustração Brasileira: “Georgina de Albuquerque apresenta a Sessão do Conselho de Estado que decidiu a independência, um bello trabalho inspirado nos conceitos de Rocha Pombo: [...] Georgina de Albuquerque emprestou toda a sua grande alma, todo o seu sentimento e a maravilhosa technica ao quadro, onde há figuras movimentadas e bem desenhadas, attitudes resolvidas e gammas resolvidas com grande saber.”

A Revista da Semana, por sua vez, escreveu que o tema tratado por Georgina de Albuquerque no quadro foi realizado “em tela de grandes dimensões, inclinadas ao gosto moderno, alegre aos olhos pela polychromia, grata aos animos pelo assumpto.” No entanto, numa crônica divulgada em O Jornal para o Salão de 1922, o autor declarava que à obra faltava "mais caracter para a figura de José Bonifácio". Além disso, ele também afirmava que "o fundo do quadro não se apresenta plenamente resolvido, mas o conjunto se equilibra de maneira muito apreciável."

Adaptação
Gisèle Pimentel

Fontes


lundi 15 octobre 2018

Abigail de Andrade, pintora, Brasil - 1864-1890

Abigail de Andrade, Sem Título ( 1º Autorretrato),
1881, Coleção Particular.


Abigail de Andrade, Mulher sentada 
à escrivaninha (Autorretrato), 
1890, Coleção Particular.
Abigail de Andrade nasceu em Vassouras, RJ em 1864 e morreu em Paris em 1890. Foi uma pintora e desenhista brasileira, premiada com a medalha de ouro por trabalhos expostos no Salão Imperial de 1884.

Sabe-se muito pouco sobre a vida dessa pintora fluminense. Aos 18 anos, em março de 1882, participou da primeira exposição organizada pela Sociedade Propagadora das Belas Artes, concorrendo na seção de desenhos com meia dúzia de trabalhos, tendo a crítica louvado a excelente qualidade deles. Sabe-se que estudou no Liceu de Artes e Ofícios e que foi aluna de Angelo Agostini e de Joaquim José Insley Pacheco.

Abigail de Andrade, 
Um canto do meu ateliê 
(Autorretrato), 
1884, Coleção Particular.
Abigail expôs na Exposição Geral de Belas Artes, no ano de 1884, numa época em que as mulheres eram estimuladas a procurar a pintura e o desenho apenas como amadoras e por puro passatempo. O famoso crítico de arte Gonzaga Duque escreveu que Abigail de Andrade, ao contrário das demais pintoras de seu tempo e enfrentando o preconceito existente contra as mulheres, fez da pintura a sua profissão.

Nessa Exposição que foi a última, a maior e a mais brilhante a ser realizada no Segundo Reinado, Abigail participou na seção de pintura, apresentando quatorze trabalhos: quatro óleos representando cenas do cotidiano, dois retratos, três cópias e cinco estudos de desenho. Apesar de estreante, Abigail de Andrade foi premiada com a "Primeira Medalha de Ouro", prêmio que dividiu com Thomas Georg Driendl, Giovanni Battista Castagneto e Georg Grimm. Pelo renome de seus companheiros de premiação, jamais poderia ter exposto trabalhos medíocres. Dois óleos destacavam-se dentre o total da obra apresentada, e foram eles que geraram o cobiçado prêmio: Cesto de compras e Um canto do meu ateliê.

Abigail de Andrade, 
O Cesto de Compras, 1884.
No ano de 1886 promoveu duas exposições individuais no Rio de Janeiro. A primeira realizou-se na Casa Vicitas e a segunda na Casa Costrejean.

A artista é também lembrada pelo trágico envolvimento amoroso com seu professor, Angelo Agostini, homem casado, artista respeitado e influente na época, o que foi um grande escândalo na época. Abigail engravidou deste em 1888 e, devido ao preconceito da sociedade, teve que refugiar-se com o professor em Paris, levando consigo a pequena Angelina Agostini, que viria a ser, também, uma artista consagrada. Na capital francesa, perdeu o segundo filho após o parto, e morreu logo a seguir. 
Abigail de Andrade, Niterói, 1885, 
Coleção Particular, Rio de Janeiro.

É muito pequeno o número de trabalhos atualmente conhecidos de Abigail. Suas obras estão datadas entre os anos de 1881 a 1889 e estima-se que não tenha pintado mais do que cinquenta quadros, numa avaliação otimista. Sabe da existência de um número muito menor do que esta estimativa, o que leva a concluir que outras obras estão perdidas ou incógnitas.

Em 1947, num artigo publicado no Boletim de Belas Artes intitulado "Angelo Agostini e o Salão de 1884", Carlos da Silva Araújo reproduziu o Cesto de Compras em desenho de Agostini, lamentando nunca ter encontrado o nome e a obra de Abigail em livros, catálogos ou revistas.

A revelação pública da obra de Abigail de Andrade só viria a acontecer em 1989 com o aparecimento do livro 150 Anos de Pintura no Brasil que traz, em cores, a reprodução de três óleos da pintora pertencentes à famosa coleção do advogado carioca Sérgio Fadel.

Abigail de Andrade, 
Estrada do Mundo Novo 
com Pão de Açúcar ao fundo, 
1888, Coleção particular.
A segunda surpresa estaria presente na original exposição Mulheres Pintoras promovida pela Sociedade dos Amigos da Arte de São Paulo (Sociarte), em parceria com a Pinacoteca do Estado de São Paulo, e realizada nos meses de agosto a outubro de 2004. Entre os trabalhos expostos, chamava a atenção um pequeno quadro a óleo de 34 x 23 cm, No Ateliê, assinado por Abigail e datado de 1881, pertencente ao colecionador Francisco Asclépio Barroso Aguiar, de Salvador. Esta obra não era a mesma apresentada pela pintora, no Salão de 1884, com o título Um Canto do meu Ateliê, apesar da quase identidade de ambos os títulos.
Abigail de Andrade, Estendendo a roupa 
(Óleo sobre tela - 45,5 x 57,3), 1888.

 No mesmo ano de 2004, os amantes das artes plásticas puderam conhecer novas obras de Abigail de Andrade, quando foi lançada na Coleção Fadel a luxuosa obra O Brasil do Século XIX, de Alexei Bueno.

Adaptação
Gisèle Pimentel

Fonte
https://pt.wikipedia.org/wiki/Abigail_de_Andrade
Abigail de Andrade, 
A Hora do Pão, 1889.

Abigail de Andrade, Trecho de paisagem








Abigail de Andrade, Corcovado.



vendredi 12 octobre 2018

Hélène de Beauvoir, pintora, França – 1910-2001

Hélène Bertrand de Beauvoir em seu atelier em Goxwiller, próximo a Strasbourg.
As mulheres sofrem,
os homens julgam (1977).

Hélène Bertrand de Beauvoir, pintora francesa e irmã caçula de Simone de Beauvoir, nasceu em 6 de junho de 1910 em Paris e morreu aos 91 anos em 1º de julho de 2001 em Goxwiller, Alsácia. Hélène era filha de Georges de Beauvoir e de Françoise Brasseur e irmã caçula da filósofa, escritora e feminista Simone de Beauvoir. Muito jovem casou-se com Lionel de Roulet, o grande amor de sua vida.

Na juventude, (assim como sua irmã, Simone, algum tempo antes) foi matriculada no Curso Desir, uma escola para meninas de boas famílias. As irmãs Beauvoir eram alunas brilhantes. Por ser mais velha, Simone tinha muito mais liberdade que a caçula, o que não as impedia de serem muito ligadas e cúmplices. A mais nova admirava a mais velha e, às vezes, procurava imitá-la e até mesmo se destacar entre suas outras amizades, sobretudo demonstrando seus talentos num jornal satírico que ela criou na escola. Suas notas, porém, começaram a ser afetadas, e os pais tiveram que interferir abreviando este sucesso. Mesmo que não imaginasse o futuro como pintora, Hélène demonstrava cada vez mais sua atração pela pintura, ficando horas a fio diante dos quadros do Louvre. Este interesse em relação a uma atividade artística a aproximou mais de sua irmã. Ambas se divertiam juntas, uma escrevendo histórias, a outra se encarregando de ilustrá-las.

Apesar de uma educação piedosa recebida da mãe, as duas irmãs muito cedo se descobriram ateias1: “As duas meninas se haviam afastado da casa de Deus.” Após terminar o Baccalauréat (ensino médio), apesar da relutância de sua mãe em vê-la prosseguir seus estudos, Hélène começou a estudar numa escola técnica, onde aprendeu sobretudo a gravura. Simultaneamente, estudou pintura em diversas academias de Montparnasse, adquirindo um gosto por croquis que nunca mais a deixaria.

Lionel de Roulet,
marido de Hélène.
Frequentando o grupo de amigos de sua irmã, Hélène conheceu Lionel de Roulet, aluno de de Jean-Paul Sartre que à época era professor no Havre. Durante algum tempo ela recusou os avanços do rapaz, sentindo-se ainda ligada ao seu primeiro amor, Jean Giraudoux, o qual no entanto acabou dando fim à relação quando começou a se tornar uma celebridade. Mais tarde, Hélène compreendeu que Lionel era o único homem de sua vida. Logo ela alugou um atelier na Rue Santeuil, no 5º Distrito de Paris, graças ao apoio financeiro de Simone, então Professora associada de Filosofia: “Com um gesto seguro, ela instalou seus pincéis, seu cavalete e preparou suas telas. A verdadeira vida começava.2

Em 1936, aos 25 anos, Hélène realizou sua primeira exposição em Paris, na Galeri Bonjean, Rue d'Argenson3. Ao ver suas telas, Pablo Picasso disse que sua pintura era original. Os críticos a acolheram com simpatia, notando uma forte influência dos museus nas grandes obras ali expostas. Antes mesmo de sua irmã publicar seu primeiro livro, a arte de Hélène de Beauvoir já era reconhecida por seus pares.

Hélène de Beauvoir 
em Portugal.
Algum tempo depois, Lionel caiu doente afetado por uma tuberculose óssea, e precisou ficar internado num sanatório em Berck. Retornou a Paris em setembro de 1939, mas pouco depois partiu para a casa de sua mãe em Portugal, para lá convalescer. Em 3 de setembro, a França entrou na Segunda Guerra Mundial. Simone ajudou a irmã a viajar para encontrar Lionel em Portugal, ficando assim em segurança durante o conflito. Após a invasão da França pela Alemanha, as fronteiras francesas foram fechadas, obrigando o casal a permanecer em Portugal. A correspondência com a França ocupada era difícil, e Hélène não conseguia ter notícias de sua família. Somente após seis meses ela foi informada da morte de seu pai, através de uma longa carta de Simone, contando que Georges de Beauvoir havia morrido em 1ª de julho de 1941 devido a um câncer na próstata. As irmãs só se reencontrariam em março de 1945, quando Lionel convidou Simone para fazer um ciclo de conferências. Ele havia sido encarregado de fundar em Faro, Algarve (no Sul de Portugal) um instituto francês, evitando contar a Hélène que tratava-se de promover, por este meio, a França livre no estrangeiro. Hélène e Lionel haviam se casado em dezembro de 1942, a fim de evitar a deportação dele para a Argélia no caso de uma invasão a Portugal pelos nazistas.

Portuguesa lavando 
sua roupa no pátio (1942), 
Hélène de Beauvoir, Portugal.
Naquele país, Hélène trabalhou muito sua técnica, e sua obra já contava com 100 quadros. Mas ela sonhava em voltar a Paris, a fim de obter um reconhecimento tal qual o de sua irmã, que havia publicado com sucesso seu primeiro romance, L’Invitée4 (A Convidada) em 1943.

Hélène e Lionel retornaram a Paris após a Liberação para uma curta estadia. Ele havia sido nomeado Diretor de Informação em Viena, Áustria, status similar ao posto de Coronel. Como somente oficiais eram aceitos em Viena, ainda controlada pelos Soviéticos, Hélène precisou entrar para as Forças Armadas a fim de poder seguir seu marido. A missão era delicada, e novamente uma longa separação aguardava as duas irmãs. Depois da Áustria, Hélène e Lionel se mudaram para Belgrado, na antiga Iugoslávia (atual Sérvia), onde as ruínas da Guerra tornavam o clima ainda mais difícil. Hélène ignorava que o marido estava a serviço do Gaullismo. Lionel confessaria este segredo a Simone, alguns anos mais tarde, e ela então pôde compreender seus frequentes desacordos políticos.

O Mercado de Flores (1949), 
Hélène de Beauvoir.
Em novembro de 1949, o casal se instalou em Casablanca por um breve período. Hélène se inspirava em suas diferentes experiências vividas em Portugal, na antiga Iugoslávia, em Marrocos e nas suas cores mais vivas; depois se inspirou também na Itália, onde o Ministério das Relações Internacionais ofereceu um posto a Lionel. 

Colheitadeiras em Marrocos 
(1949/50), Hélène de Beauvoir.
A artista se inspirava nos trabalhos que quase não se viam mais na França. Pintou as “mondinas” (camponesas italianas). Esta série originou uma exposição em Milão, em 1957. Apesar das tensões políticas da época, este foi um período próspero para a artista, que realizou seis exposições fora da França – em Berlim, Mainz (Alemanha), Pistoia, Milão, Florença e Veneza (Itália).

Mondina com chapéu vermelho 
(1954), Hélène de Beauvoir, 
Itália.
Assim, os anos que se seguiram à sua primeira exposição lhe permitiram aprofundar o aprendizado de seu métier e adquirir um vasto repertório de formas. As estadias em Portugal, na antiga Iugoslávia e em Marrocos deram novas cores à sua obra obrigando-a, contudo, a trabalhar no isolamento, rompido em 1950 quando o casal se instalou em Milão. Amadores e críticos, indo contra a corrente, se interessavam por suas telas: “Querendo representar a pintura figurativa, a artista se sentia mais próxima dos abstratos que dos realistas, mas dificilmente poderia se integrar junto a uns ou a outros”5. Paralelamente à pintura, a prática constante do cinzel permitiu-lhe satisfazer sua necessidade de rigor, liberando-a como pintora.

Série Veneza, 
Hélène de Beauvoir, Itália.
Após ter vivido oito anos em Milão, tendo encontrado inúmeros artistas dentre os quais Maria Callas, que sensibilizou muito Hélène, o casal retornou a Paris, instalando-se na casa de Françoise de Beauvoir, mãe das irmãs, no contexto da Guerra da Argélia. Hélène ganhava a vida vendendo suas telas.

Rapidamente Lionel foi nomeado para o Conselho da Europa em Strasbourg e o casal decidiu se mudar para uma fazenda que precisava ser reformada em Goxwiller. Nessa época, Hélène precisava ir frequentemente a Paris, pois sua mãe sofria devido a um câncer. Revezava-se com Simone nos cuidados a Françoise, até o seu falecimento após longo sofrimento que os médicos se recusaram a amenizar ou abreviar.

Em 1967, as duas irmãs uniram seus talentos: La Femme rompue (A Mulher Desiludida, Gallimard, 1968) de Simone de Beauvoir, foi ilustrado com gravuras de Hélène. O fracasso do livro foi uma pena para as irmãs. Ao que tudo indica, foi a partir dos eventos de Maio de 1968 que Hélène engajou verdadeiramente sua arte ao serviço da realidade quotidiana. Suas pinturas cheias de fúria e de esperança representavam a juventude que perturbou a França naquele ano. Em alguns meses, esta obra maior já contava com mais de trinta quadros. Esta série, com o controverso título de “Joli mois de mai” (“Belo mês de maio”) teve dificuldade para encontrar um lugar de exposição, sendo finalmente organizada no Moulin Rouge, recebendo críticas elogiosas: “Ela escreve quadros como se mantém um diário. Ela habita as ruas, ela toma parte,  ela pega fogo, ela toma partido, ela pega seus pinceis. Seu diário não tem apenas o frescor da primavera, ele tem também a precisão da flecha. Ela nos mostra o que acreditávamos somente possível aos fotógrafos nos restituir. Mas sua pintura não é de forma alguma fotográfica: é elíptica, elegante e maligna6.”

O artista e autor alemão Hans Theodor Flemming disse igualmente na mesma época: “No vasto campo entre o surrealismo e o tachismo, Hélène de Beauvoir desenvolveu seu próprio estilo. Suas aquarelas transparentes sobre papel japonês (washi) nos fazem lembrar da arte no Extremo Oriente; por outro lado, o grafismo preciso de suas gravuras faz reviver o espírito de Braque e evoca Victor Masson. Mas em toda manifestação artística de Hélène de Beauvoir reina esta harmonia tipicamente francesa entre a intuição e o intelecto.”

Na Alsácia, Hélène se sentia esquecida, e seu complexo em relação a sua irmã nunca a deixou realmente. Um dia, surgiu uma oportunidade de superar isso. Madame Francine Haettel, também chamada Frankie, havia fundado a associação SOS Femmes Alsace (SOS Mulheres Alsácia) e o segundo refúgio para mulheres vítimas de violência doméstica aberto na França, situado em Strasbourg, propôs à pintora de lhe ceder seu lugar como presidente da associação, já que não poderia acumular este cargo com o de diretora do refúgio. Após dois anos na presidência da SOS Mulheres Alsácia, Hélène renunciou ao cargo, mas continuou sua obra militante denunciando a opressão às mulheres em seus quadros, como “Um homem joga uma mulher às feras”, “As mulheres sofrem, os homens julgam”, “A caça às bruxas está sempre aberta”. Ela queria mostrar a opressão às mulheres de uma forma mais radical do que a mostrada em suas séries rurais de Portugal e da Itália, onde as mulheres viviam condições de trabalho muito difíceis. Ela se engajou no feminismo mais tarde que Simone, mas este engajamento durou até o fim de sua vida. Através de sua arte, Hélène quis mostrar também que é muito difícil para uma pintora se impor num mundo dirigido pelos homens. Ela ficou magoada pela passagem sobre as mulheres artistas em “Le Deuxième Sexe” (“O Segundo Sexo”), em que sua irmã não as defende, até mesmo empregando termos difíceis, sobretudo a respeito de uma das artistas preferidas de Hélène, Élisabeth Vigée Le Brun7.

A partir dos anos 1970, a carreira de Hélène tornou-se internacional, quando começou a expor em várias partes do mundo: Tóquio, Bruxelas, Lausanne, Roma, Milão, Amsterdam, Boston, México, La Haye, Strasbourg, Praga, Paris. A Word Nasse Gallery de Nova York realizou uma retrospectiva de suas obras feministas e pró-ecologia. Jean-Paul Sartre lhe rendeu homenagem no prefácio de uma exposição: “[Hélène de Beauvoir] ‘descobriu muito cedo que, ao fabricar simulacros, fracassamos em alcançar as coisas. Porém ela ama demais a natureza para renunciar a se inspirar nela [de fato suas obras se inspiram nas florestas, nos jardins, nas plantas, nas lagunas, nos animais, nos corpos humanos...] […]. Entre as vãs restrições da imitação e a aridez da pura abstração, ela a inventou seu caminho […]. Nos quadros de Hélène de Beauvoir, emanam uma alegria, uma angústia, com uma impressionante evidência de imagens cujos contornos não são traçados. […] é preciso saber […] ultrapassar a aparente facilidade […]. Assim como num poema as palavras só servem para cercar o silêncio, entregando ao leitor o que o silêncio não dissolve, em Hélène de Beauvoir, as cores e as formas são o inverso de uma ausência: a do mundo que ela faz existir ao não representá-lo.”

Em 1971, assim como sua irmã, Hélène assinou o Manifesto das 343, reunindo mulheres que revelaram que já haviam abortado3.2.

Nos anos 1980, Hélène foi testemunha no processo de uma mulher acusada de ter matado o próprio marido, que a espancava. Em fevereiro de 1986, as duas irmãs compareceram a uma exposição no Ministério dos Direitos das mulheres, última aparição pública das duas juntas3.3.

Após a morte de Sartre em 1980, Hélène passou a ficar mais tempo em Paris para ajudar sua irmã, cuja saúde declinava. Ela estava nos Estados Unidos quando soube da morte de Simone de Beauvoir, em 14 de abril de 1986. Deserdada pela irmã, Hélène não teve direito a nenhum bem pessoal nem à obra de Simone. A artista enlutada pintou uma obra, Portrait de Simone en veste rouge (Retrato de Simone em veste vermelha), o qual ela colocou em destaque na sua fazenda de Goxwiller ao lado do retrato de Lionel, que morreu alguns anos mais tarde, em 1990. Em 1987, com a ajuda de Marcelle Routier, Hélène publicou suas próprias memórias8. Sylvie Le Bon de Beauvoir publicou as cartas de Simone de Beauvoir a Jean-Paul Sartre onde ela descreve sua irmã como uma artista sem talento. Hélène ficou profundamente magoada. A publicação das Lettres à Nelson Algren (Cartas a Nelson Algren) revela outras palavras indesejáveis (“Eu odeio igualmente esta ideia de que o talento pode ser comprado graças aos relacionamentos, à amizade, ao dinheiro, a um padrão de vida elevado”), mas desta vez seus amigos a pouparam desta leitura.

Hélène voltou a Portugal, país ao qual ela não havia retornado desde o fim da Segunda Guerra Mundial, para a vernissage de três exposições consagradas ao conjunto de sua obra do período português. No final de sua estadia, ela doou suas obras à Universidade de Aveiro que, em seguida, inaugurou a sala Hélène de Beauvoir, dedicada a exposições de obras de arte.

Apesar de uma cirurgia de peito aberto, Hélène permaneceu em sua casa de Goxwiller até a sua morte, assim como Lionel. Faleceu em 1º de julho de 2001. Sandro, o filho adotivo de Lionel, e a prima Catherine organizaram seu funeral. Hélène está enterrada no Cemitério do Père-Lachaise, junto a seu marido Lionel.

Em 2018, a primeira retrospectiva da obra de Hélène de Beauvoir foi organizada no Museu Würth, em Erstein3.4.

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel

Fontes
Fonte principal
Claudine Monteil, Les Sœurs Beauvoir (As Irmãs Beauvoir), éditions no 1-Calmann-Levy, Paris, 2003.

Notas
1Claudine Monteil, Les Sœurs Beauvoir (As Irmãs Beauvoir), Éditions nº 1, Paris, 2003, p. 30.
2Claudine Monteil, op. cit., p. 51.
3 3.1, 3.2, 3.3 e 3.4 Françoise d'Argent, “Hélène, l'autre Beauvoir” (“Hélène, a outra Beauvoir”), Le Figaro, encarte “Le Figaro et vous”, sábado 03 / domingo 04 de fevereiro de 2018, pg. 30.
4 Simone de Beauvoir, L’Invitée (A Convidada), Gallimard, Paris, 1943.
5 Trecho do libreto da exposição de 1975 no Palácio das Artes e da Cultura de Brest.
6 Claude Roy, a respeito da série “Joli mois de mai” (“Lindo mês de maio”). Trecho do libreto da exposição de 1975 no Palácio das Artes e da Cultura de Brest.
7Simone de Beauvoir, Le Deuxième Sexe (O Segundo Sexo), Gallimard, Paris, 1949.
8 Hélène de Beauvoir, Souvenirs (Lembranças), coletânea realizada por Marcelle Routier, Paris, Librairie Seguier, Garamont/Archimbaud, 1987.