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lundi 21 mai 2018

Mary Cassatt, pintora, Estados Unidos - 1843(ou 1844)-1926

Autorretrato (por volta de 1878), 
Metropolitan Museum of Art, Nova York.
Mary Stevenson Cassatt, ou simplesmente Mary Cassatt, foi uma pintora e gravurista norte-americana nasceu em 22 de maio de 1844 em Allegheny, Pensilvânia (EUA) e morreu em 14 de junho de 1926 em Mesnil-Théribus em França, onde está enterrada.

Mary Cassatt (de frente) com 
Mme. Joseph Durand-Ruel, em 1910.
Arquivos Durand-Ruel.
Segundo seus biógrafos, Mary Cassatt teria nascido em 22 de maio de 1844 em Allegheny City, que atualmente faz parte de Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA), mas em sua certidão de óbito e em sua tumba em Mesnil-Théribus encontra-se a data de 24 de maio de 1843. Mary era a quarta dentre os filhos de Robert Simpson Cassat (posteriormente Cassatt) e de Katherine Kelso Johnston. A família de Mary Cassatt pertencia à grande burguesia norte-americana, originária de imigrantes franceses huguenotes, vindos da Holanda após deixarem a França antes da revogação do Edito de Nantes. Os Cossart chegaram aos Estados Unidos em 1662 e, por volta de 1800, seu nome mudou para Cassatt. O pai de Mary, Robert Simpson Cassatt (1806-1891), era um homem de negócios. Sua mãe, Katherine Kelso Johnston (1816-1895), filha de uma família abastada, recebeu uma excelente educação, e falava fluentemente o francês. Tiveram sete filhos: Katherine e George, mortos ainda crianças, Lydia Simpson Cassatt (1837-1882), Alexander Johnston Cassatt (1839-1906), Robert Kelso Cassatt (1842-1855), Mary (1844-1926) e Joseph Gardner Cassatt (1849-1911). Mesmo reconhecendo suas origens francesas, Mary Cassatt se sentia profundamente americana.

No balcão durante o Carnaval (1872).
Aos sete anos de idade, a artista precisou deixar os Estados Unidos rumo à Europa junto com seus pais, indo se instalar em Paris. Foram para consultar médicos por conta de um câncer ósseo que acometera seu irmão Robbie, doença que o mataria em 1855. Na França, Mary aprendeu francês e alemão, visitou museus e galerias de arte. Em 1855 a família retornou à Pensilvânia, onde Mary fez aulas de desenho.

O Toureiro e a Mocinha (1873)
Em 1860, Mary iniciou sua formação artística ao entrar para a Academia de Belas Artes da Pensilvânia, onde aprendeu os rudimentos de sua arte, todavia ela se decepcionou com a formação que ali recebeu (“na Academia da Filadélfia, a gente desenhava da forma como dava a partir de cópias velhas ou de antigas esculturas em gesso. Não havia ensinamentos”, explicou ela a Achille Segard, Segard, p. 6). Ao final do segundo ano Mary deixou a Academia. Em 1865, voltou a Paris com sua mãe e uma colega de estudos, Eliza Haldeman. Katherine retornou aos EUA, deixando as duas moças na “cidade luz”, onde estudaram pintura com o mestre Paul-Constant Soyer. Também se inscreveram na turma de Charles Chaplin (o pintor e gravador francês), onde aprenderam a arte do retrato e obtiveram suas carteiras de copistas do Louvre. Mary foi aluna do pintor Jean-Léon Gérôme e com Eliza visitou Barbizon, num de seus primeiros contatos com a pintura impressionista. Em 1868, sua Joueuse de mandoline (A bandolinista) é aceita no Salão de Paris, onde ela descobriria as obras de Manet e Courbet.

Ida (1874).
Em 1870 a guerra estourou na França, fazendo Mary retornar à Pensilvânia. No ano seguinte a artista voltou à Europa numa visita a Londres, Paris e Turim. Depois se instalou em Parma, onde estudou sobre Correggio, desenvolvendo sua arte da pintura e se iniciando, junto a Carlo Raimondi, na arte da gravura. Mais tarde, Mary partiu para a Espanha, onde descobriu as obras de Rubens do Museu do Prado, que a levaram a visitar Anvers. Foi a partir de seus estudos sobre Rubens que ela adquiriu o senso de luz e o gosto pelas cores claras.

Lydia num balcão
usando um colar de pérolas (1879).
Em 1872, o Salão de Paris aceitou suas obras Sur le balcon durant le carnaval (No balcão durante o Carnaval, 1872), Le Torero et la jeune fille (O Toureiro e a Mocinha, 1873) e Ida (1874). Esta última atraiu a atenção de Degas para a artista. Mary, então, se instalou em Paris, onde continuou seus estudos junto a Couture. Em 1875, seu Portrait de Lydia (Retrato de Lydia) foi recusado pelo Salão de Paris, mas acabou sendo aceito depois que ela escureceu seu fundo. Naquele ano, Mary conheceu Degas, que viria a ser seu mestre, de quem recebeu o conselho de juntar-se aos impressionistas.

A xícara de chá (1880).
Quando em 1877 seu último quadro foi recusado pelo Salão, Degas a encorajou a expor na Quarta Exposição de Pinturas Impressionistas em 1879. Mary, então, expôs ali seu quadro Lydia dans une loge portant un collier de perles (Lydia num balcão usando um colar de pérolas, 1879) e La tasse de thé (A xícara de chá). Mary enviou onze obras a serem expostas nesse evento.

Mary Cassat se sentia à vontade no meio impressionista. Mesmo sendo uma figura um pouco atípica naquela corrente, sendo mais retratista que paisagista, ela possuía o gosto pelo trabalho ao ar livre. Seu senso de cor e sua busca pelo realismo não eram incompatíveis com o lirismo e o sentimentalismo próprios ao impressionismo. Sem ser propriamente uma discípula dos mestres impressionistas, ela se encontrava frequentemente com Degas, e admirava Pissarro, junto a quem ela acabou indo trabalhar. Mary se tornou muito amiga de Berthe Morisot.

Por esse tempo seus pais foram se instalar em Paris junto com sua irmã Lydia, para que esta pudesse se tratar de uma doença do fígado, e nesse período Mary pintou diversos retratos intimistas de mulheres (1880). Após a morte da irmã em 1882, Mary iniciou uma série de retratos de mães e filhos, que se tornaram seus principais objetos de estudo.

Em 1880 Mary participou da quinta exposição de pintores impressionistas e, em 1881, da sexta, mas no ano seguinte acompanhou Degas na decisão de não participar do evento. Este vivia um conflito com Renoir, Monet, Cézanne e Sisley, que não queriam aceitar novos pintores no grupo dos impressionistas. Mary só viria a participar da oitava exposição dos impressionistas, em 1886.

A Meia (v 1891).
A artista também era agente e conselheira de grandes amadores da pintura, especialmente o casal  Louisine e Henry Osborne Havemeyer (quando era estudante em Paris, ela havia sido colega de Louisine) e colaboradora de Paul Durand-Ruel quando este, junto com seu filho Charles, partem em 1886 para os Estados Unidos com cerca de 300 quadros da Escola Impressionista.

Mulher fazendo a toilette, 
(1891), ponta seca 
e aquatinta.
Quando em 1891 a Sociedade Anônima de Pintores, Escultores e Gravadores Franceses exclui da exposição na Durand-Ruel todos os artistas estrangeiros, Mary Cassatt, indignada, aluga na mesma Durand-Ruel duas salas para expor seus quadros e os de Pissarro. Félix Fénéon lhe consagrou uma crônica elogiosa no jornal Le Chat noir.

Depois do banho, 1891,
ponta seca e aquatinta,
30 x 22.9 cm,
Clark Art Institute.
Em 1890, Mary acabou sendo influenciada em sua arte graças à visita a uma exposição sobre gravura japonesa, tornando-a uma admiradora das obras de Utamaro e de Toyokuni. Mesmo que a estética da estampa japonesa a a tenha influenciado fortemente, a artista não adotou a técnica da xilogravura, característica das produções extraorientais. Ela preferia as técnicas de entalhe suave, e praticava a ponta seca, a água-forte e a aquatinta. Seu talento para esta última técnica, extremamente difícil, lhe valeu uma grande admiração entre seus companheiros artistas. Mary expôs dez de suas águas-fortes em sua primeira exposição particular, em 1891, na Durand-Ruel, onde realizaria mais quatro mostras, bem como na Ambroise Vollard. Expôs também no estrangeiro: em Nova York (1895-1903) e em Manchester (1907).
O banho da criança (1894).

Mary continuou sua série de retratos de mulheres e crianças. Conforme Segard, foi no período de 1890-1910 que ela atingiu o ápice de sua arte, feliz resumo entre o ascetismo da gravura japonesa e a abundância de cores do seu período impressionista, evoluindo de acordo com seu humor entre essas diferentes tendências.



Margot em azul (1902).
A artista também era agente e conselheira de grandes amadores da pintura, especialmente o casal  Louisine e Henry Osborne Havemeyer (quando era estudante em Paris, ela havia sido colega de Louisine) e colaboradora de Paul Durand-Ruel quando este, junto com seu filho Charles, partem em 1886 para os Estados Unidos com cerca de 300 quadros da Escola Impressionista.

Quando em 1891 a Sociedade Anônima de Pintores, Escultores e Gravadores Franceses exclui da exposição na Durand-Ruel todos os artistas estrangeiros, Mary Cassatt, indignada, aluga na mesma Durand-Ruel duas salas para expor seus quadros e os de Pissarro. Félix Fénéon lhe consagrou uma crônica elogiosa no jornal Le Chat noir.


Mãe e filho (1903), pastel.
Em 1890, Mary acabou sendo influenciada em sua arte graças à visita a uma exposição sobre gravura japonesa, tornando-a uma admiradora das obras de Utamaro e de Toyokuni. Mesmo que a estética da estampa japonesa a a tenha influenciado fortemente, a artista não adotou a técnica da xilogravura, característica das produções extraorientais. Ela preferia as técnicas de entalhe suave, e praticava a ponta seca, a água-forte e a aquatinta. Seu talento para esta última técnica, extremamente difícil, lhe valeu uma grande admiração entre seus companheiros artistas. Mary expôs dez de suas águas-fortes em sua primeira exposição particular, em 1891, na Durand-Ruel, onde realizaria mais quatro mostras, bem como na Ambroise Vollard. Expôs também no estrangeiro: em Nova York (1895-1903) e em Manchester (1907).

Retrato de criança (1907).
Mary continuou sua série de retratos de mulheres e crianças. Conforme Segard, foi no período de 1890-1910 que ela atingiu o ápice de sua arte, feliz resumo entre o ascetismo da gravura japonesa e a abundância de cores do seu período impressionista, evoluindo de acordo com seu humor entre essas diferentes tendências.

Em 1892, a artista recebeu a encomenda de um afresco, atualmente perdido, para o prédio das mulheres da Exposição de Chicago. Dois anos mais tarde, ela comprou o Castelo de Beaufresne em Mesnil-Théribus, o qual se tornou sua residência de verão. De 1912 a 1924, Mary dividiu seu tempo entre Beaufresne e a Villa Angellito, em Grasse.

Imóvel da Rua de Marignan 
(8º distrito de Paris), 
onde Mary Cassatt morou 
de 1887 até a sua morte.
Seu quadro Caresse (Carícia) lhe valeu, em 1904, o prêmio Walter Lippincott, mas Mary o recusou por conta de seu espírito de independência. No mesmo ano, foi condecorada com a Legião de Honra.

Seu pai morreu em 1891, sua mãe em 1895 e seu irmão, Gardner, em 1911. Essas perdas a afetaram profundamente, e Mary acabou caindo em depressão. O diabetes e a catarata lhe arruinaram as vistas, obrigando-a a parar de pintar em 1914, cegando-a definitivamente em 1921. Morreu em 14 de junho de 926 e foi enterrada em Mesnil-Théribus.


Placa na fachada da Rua de Marignan, nº 10.
Amiga de Edgar Degas, frequentemente ela se ligou ao impressionismo, que teve grande influência sobre sua obra precoce. Todavia, suas pinturas, gravuras e desenhos realizados na maturidade devem ser comparados aos produzidos pela geração de pintores pós-impressionistas: Toulouse-Lautrec, ou ainda os Nabis, com quem Mary partilhava um nítido interesse pelos pintores e gravadores de ukiyo-e, período do japonismo.

Castelo de Beaufresne no Beauvaisis, 
casa de campo adquirida 
por Mary Cassatt em 1894.
Mary exerceu igualmente a atividade de agente e conselheira de grandes amantes da pintura. Seus quadros continuam a ser mostrados em exposições coletivas ou individuais. Seu nome está inscrito no National Women's Hall of Fame (Corredor Nacional da Fama das Mulheres).



O Toreador (1873), 
Instituto de Arte de Chicago.
Exposições:

França
Grupo dos impressionistas
Abril-Maio de 1879
Abril de 1880
Abril de 1881
Maio-Junho de 1886
Exposições particulares
Galerias Durand-Ruel – Abril de 1891
Galerias Durand-Ruel - Novembro-Dezembro de 1893
Galeria Ambroise Vollard - 1907
Galerias Durand-Ruel – Novembro de 1908
Galeria Bernheim-Jeune Março de 1936 : Exposição de Mulheres Artistas Modernas

Menininha num sofá azul (1878), 
National Gallery of Art, Washington.
Estados Unidos
Nova York - Galerias Durand-Ruel - Abril de 1895
Nova York - Galerias Durand-Ruel - Novembro de 1903
Pittsburgh – Centenário da Academia da Pensilvânia - 1905

A Barca (1893-1894), 
National Gallery of Art, Washington.
Inglaterra
Manchester - Nova York - Galerias Durand-Ruel – Dezembro de 1907-Janeiro de 1908

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel

Referências:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Mary_Cassatt
http://www.the-athenaeum.org/art/list.php?m=a&s=tu&aid=374

Sofonisba Anguissola, pintora, Itália - 1535-1625

Sofonisba Anguissola, Autorretrato, 
1556, Museu de Łańcut, Pologne.

Bianca Ponzoni Anguissola, 
mãe da artista, 
por Sofonisba Anguissola, 1557.
Amilcare Anguissola, 
pai da artista, 
e dois de seus irmãos.
Sofonisba Anguissola nasceu em Cremona em 1535 numa família da pequena nobreza, filha de Amilcare Anguissola e de Bianca Ponzoni, e morreu em Palermo em 1625. Foi uma pintora italiana da corrente maneirista especializada em retratos e que esteve ativa até o início do Século XVII e uma das primeiras a atingir, em vida, o ápice da cena artística europeia. Chegou à Corte de Espanha do Rei Felipe II em 1559 nas funções de dama de honra de Isabel de Valois, professora da Rainha e pintora oficial da Corte até 1573. Ali Sofonisba pintou inúmeros retratos, dentre os quais o do Rei, o de Isabel de Valois, de Ana da Áustria, do poeta Giovanni Battista Caselli de Cremona. Todos estes retratos estão no Museu do Prado, em Madrid. 

 
Partida de xadrez, 
representando as irmãs da artista.

Autorretrato de Sofonisba Anguissola 
com Bernardino Campi, v. 1549.
Sofonisba era a mais velha e a mais conhecida das seis irmãs Anguissola (Sofonisba, Elena, Europa, Lucia, Anna Maria, Minerva). Elas tinham ainda um irmão, Asdrúbal, nascido em 1551. Seu pai era um humanista, e encorajou todos os filhos a desenvolverem seus talentos artísticos. Entre 1546 et 1549, Amilcare matriculou a jovem Sofonisba e sua irmã Elena nas aulas do pintor lombardo Bernardino Campi, então conhecido por seus retratos e obras religiosas. Ainda que não pertencendo à famosa família Campi de Cremona (Vincenzo, Giulio e Antonio), Bernardino possuía um estilo próximo ao dos mestres do maneirismo, em voga na Itália do Norte entre os Séculos XVI e XVII, e assim exerceu uma forte influência sobre o estilo da jovem Sofonisba, que aplicaria os traços essenciais dessa corrente artística em seus trabalhos prediletos, os retratos.

Quando Campi deixou Cremona para viver em Milão, as irmãs continuaram seus estudos com Bernardino Gatti (il Sojaro), um pintor originário de Pavia e Piacenza.

Empresário incansável dos talentos de sua filha, Amilcare Anguissola trabalhou com afinco durante os anos 1550 para torna-la conhecida junto aos ateliers de Mântua, Ferrara, Parma, Urbino e Roma. Sofonisba esteve na Corte de Mântua, perto de Gonzaga, onde conviveu com os alunos de Giulio Romano. Provavelmente também tenha estado em Parma, perto de Farnese, e que tenha conhecido Giulio Clovio, pintor renomado de miniaturas, que a teria iniciado nesta técnica.  Mesmo que não se tenha qualquer sinal de miniaturas pintadas por Sofonisba posteriormente ao seu período cremonês, as fontes da época indicam que ela continuou a praticar esta arte ao longo de toda a sua vida. Ela é citada em Vite (A Vida dos Melhores Pintores, Escultores e Arquitetos) de Giorgio Vasari graças a Michelangelo Buonarroti, reconhecedor do talento que a jovem pintora possuía.

De fato, o pai de Sofonisba havia escrito a Michelangelo para lhe apresentar o trabalho da filha, enviando-lhe desenhos como Criança mordida por uma lagosta, no qual a jovem artista havia imprimido a expressão da dor infantil de uma maneira que muito agradou ao mestre florentino. Aliás, esta mesma expressão pode ser vista em Menino mordido por um lagarto, de Caravaggio.

Isabel de Valois, 
por Sofonisba Anguissola.
Sofonisba passou boa parte de sua vida na Corte de Espanha. Tudo começou quando, em 1559, o Duque Sessa, governador de Milão, obteve para Sofonisba uma recomendação junto à Corte de Espanha e, naquele mesmo ano, a artista deixou definitivamente a Lombardia para juntar-se à Corte de Filipe II, chegando a tempo para assistir, em Guadalajara, ao casamento do Rei com Isabel de Valois, de quem ela logo se tornou dama de honra, e a quem ela deu aulas de desenho. Este cargo rendia à família de Sofonisba em Cremona uma renda anual de 200 Escudos que, mesmo pertencendo à artista, sempre foram embolsados por Amilcare e, depois, por seu irmão Asdrúbal.

Retrato de Filipe II, de 1565,
Museu do Prado (por muito tempo
atribuída a Sanchez Coello,
a obra é, na verdade,
de Sofonisba Anguissola).
Até a morte de sua protetora, em 1568, Sofonisba realizou inúmeros retratos dos membros da Família Real e de seus parentes. Todavia, seu status particular – ela era nobre, dama de companhia, professora de desenho e de pintura da Corte – a impedia de vender suas obras e de ter um atelier. Essas razões, assim como o incêndio do Alcazar, podem explicar o longo esquecimento de sua arte pictórica na Corte de Espanha. Foi somente graças a um longo trabalho de pesquisa que um grande número de retratos pôde ser novamente atribuído a Sofonisba, quase sempre em detrimento do pintor Alonso Sánchez Coello (1642-1693).

Após a morte de Isabel de Valois, os mais próximos da Rainha retornaram às suas Cortes de origem, menos Sofonisba, cujo retorno a Cremona mostrou-se complicado a organizar. Com isso, a Corte de Espanha, reconhecida pelos serviços prestados pela artista, começou a procurar um marido para ela, um italiano, conforme seu desejo. Em maio de 1573, Sofonisba se casou em Madrid, por procuração, com um jovem nobre siciliano, Fabrizio Moncada, cadete do Príncipe de Paternò, que seria seu primeiro marido. No outono daquele ano, a artista se juntou ao marido, levando na bagagem o dote reunido pela Corte de Espanha, a saber uma soma importante, joias e uma vultosa pensão anual. O casal viveu entre o palácio da Família Moncada, em Paternò (perto de Catania, Sicilia) e Palermo. Não há registros de atividade artística de Sofonisba neste período, salvo um escrito contemporâneo indicando que o trabalho da artista “não consistia em retratos, mas [...] em algumas pequenas telas religiosas muito raras.” Em 1578, Fabrizio Moncada morreu no mar, perto de Capri, durante uma viagem à Corte de Espanha. Ao que tudo indica, a morte prematura de Fabrizio teria indisposto sua família em relação a Sofonisba quanto a questões jurídicas relativas à restituição do dote.

Sofonisba foi convidada pela Corte de Espanha a retornar, mas a artista preferiu, com a ajuda de seu irmão Asdrúbal, deixar a Sicília e retornar à Lombardia, sua terra natal. As dificuldades da viagem a fizeram parar na Liguria e a passar algum tempo em Livorno, depois em Pisa, onde por volta do Natal de 1579 ela conheceu Orazio Lomellini, jovem capitão filho de uma grande família genovesa, com quem Sofonisba se casou pela segunda vez, apesar das objeções de seu irmão, da Corte de Espanha e do Grão-Duque da Toscana, ao qual ela responderia numa carta: “Os casamentos se fazem primeiro no céu e, depois, na Terra.”

A rotina do casal era ligada às incessantes viagens de negócio que Orazio fazia entre Genova e Sicilia, inicialmente como capitão de uma embarcação da República – La Patrona –, depois por conta própria, assumindo progressivamente funções cada vez mais elevadas no seio da “nação genovesa” instalada em Palermo.

Apesar dos empecilhos à etiqueta – Orazio não era nobre e o casamento havia ocorrido muito pouco tempo após a morte do primeiro marido –, as relações de Sofonisba com a Corte de Espanha logo se refizeram. Em 1583 ela passou a receber um pagamento una tantum como uma compensação pela perda de Fabrizio. Um ano mais tarde, lhe foi concedida uma terceira pensão anual que ela podia receber na Sicilia.

Em 1615, aos oitenta anos, ela retornou a Palermo, onde seu marido possuía então a maior parte de seus negócios. Ali o casal comprou uma casa no antigo bairro árabe de Seralcadi, onde Sofonisba continuou pintando, apesar da importante diminuição da visão, o que posteriormente a faria abandonar a pintura.

No verão de 1624, Sofonisba recebeu a visita do célebre pintor Anton van Dyck, chamado a Palermo para pintar o retrato do Vice-Rei Emanuel Filiberto de Savoia (filho da Infanta Catarina Micaela). Na ocasião, o jovem pintor desenhou em seus cadernos o retrato da pintora, observando que, apesar de sua visão muito reduzida, “ela dispôs com gosto as telas diante de si e, com muito esforço, olhando bem de perto, conseguiu enxergar alguma coisa”, enquanto que “de memória, e com o espírito vivaz e cortês”, ela “falou sobre várias outras coisas interessantes e me contou uma parte de sua vida”, bem como “sobre a grande pena que tinha de haver perdido sua visão e de não mais poder se dedicar à pintura.” Sofonisba Anguissola morreu no ano seguinte, em 16 de novembro de 1625, aos noventa anos. Está enterrada em Palermo, na Igreja de São Jorge, pertencente à “nação genovesa”.

Ainda que suas obras estejam à altura das de pintores contemporâneos seus, não se pode colocar Sofonisba Anguissola no mesmo ambiente profissional, pois ela sempre praticou sua arte como uma atividade ligada à nobreza, sem jamais ter trabalhado sob comissão, ou seja, por um contrato com cláusulas comerciais, nem ter podido vender qualquer uma de suas obras. No meio de onde veio, e nas Cortes que frequentava, ela não podia pintar para viver, mas recebia, por seus talentos e obras, proteção, rendas, vantagens e presentes condizentes com seu status: peças de tecidos, objetos de valor, joias. Infelizmente os arquives espanhóis referentes a Sofonisba Anguissola se perderam no incêndio que destruiu totalmente o Alcazar Real de Madrid, entre 24 e 28 de dezembro de 1734.

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel

Fontes:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Sofonisba_Anguissola#cite_note-1
http://www.abcgallery.com/a/anguissola/anguissola.html
http://www.artcyclopedia.com/artists/anguissola_sofonisba.html

vendredi 18 mai 2018

Rosa Bonheur, pintora, França - 1822-1899

Retrato de Rosa Bonheur(1857), de Édouard Dubufe, Castelo de Versailles.
Marie-Rosalie Bonheur, conhecida como Rosa Bonheur, nasceu em 16 de março de 1822 em Bordeaux e morreu em 25 de maio de 1899 em Thomery, é uma pintora e escultora francesa, especializada em pinturas de gênero de animais, a pintura e escultura animal. A glória que ela conhece em vida diminui rapidamente após sua morte; sua pintura se distancia muito das tendências modernas. A partir de 1980, publicações biográficas a associam aos primórdios do feminismo por conta dela ter tido uma vida bastante emancipada.

Nasceu na Rue Saint-Jean-Saint-Seurin, 29 (posteriormente Rua Duranteau, 55). Sua mãe, Sophie Marquis (1797-1833), filha de pais desconhecidos, foi adotada por um comerciante rico de Bordeaux, Jean-Baptiste Dublan de Lahet. Rosa Bonheur gostava de imaginar que o mistério de suas origens maternas escondiam algum segredo de Estado, e que ela seria de sangue real, até que ficou sabendo que Dublan de Lahet era seu verdadeiro avô. Sophie Marquis se casou com seu professor de desenho, o pintor Raimond Bonheur (1796-1849), que encorajaria a veia artística de seus filhos: além de Rosa, Auguste e Juliette (nascida em 1830, que se casaria com François Auguste Hippolyte Peyrol) também se tornaram pintores, enquanto que seu irmão Isidore Bonheur tornou-se escultor. Em 1829 Raymond Bonheur foi para Paris retornando ao seu antigo alojamento, fazendo voto de celibato. A mãe e os irmãos de Rosa, abandonados por Raymond, seguiram rumo a Paris no ano seguinte, mas tendo recebido de Dublan de Lahet apenas algum dinheiro, Sophie precisou esgotar-se de tanto trabalhar para tentar levar uma vida miserável. Em 1833, Sophie morreu. O pai de Rosa se casaria novamente alguns anos mais tarde com uma mulher apenas nove anos mais velha que Rosa, com quem teve um último filho, Germain.
Retrato de Rosa Bonheur (1859), de Charles-Michel Geoffroy
gravura publicada ma edição de L'Artiste do 1º de julho de 1859.

Na juventude, Rosa viveu em penúria com sua família, em Paris. Após a morte de sua mãe, Rosa Bonheur recebeu uma instrução elementar na escola, e depois tornou-se aprendiz de costureira. Seu pai acabou por mantê-la em seu atelier, onde seus dons artísticos se revelaram. Em 1839, começou a fazer estudos sobre os animais, que mais tarde se tornariam sua especialidade.

Bœufs et Taureaux, race du Cantal
(Bois e Touros, raça do Cantal), 1848.
Como aluna de seu pai, expôs pela primeira vez aos dezenove anos no Salão de 1841. Sua arte começou a ser reconhecida quando obteve medalha de bronze no Salão de 1845 e uma medalha de ouro no Salão de 1848 com seu Bœufs et Taureaux, race du Cantal (Bois e Touros, raça do Cantal). Recebeu igualmente uma encomenda do Estado para realizar um quadro com tema rural (por uma quantia de 3 mil francos à época).

Após a morte de seu pai em 1849, Rosa Bonheur o substituiu na direção da Escola Imperial Gratuita de Desenho para Moças, posto que ele havia assumido no ano anterior. « Sigam meus conselhos e eu farei de vocês Leonardos da Vinci de saias », dizia Rosa para suas alunas na Escola que dirigiu até 1860.

Le Marché aux chevaux (O Mercado de cavalos,1853), 
New York, Metropolitan Museum of Art.
Rosa atingiu a notoriedade com sua obra O Mercado de Cavalos destacado no Salão de 1853, e numa época em que polêmicas opunham românticos e clássicos, seu quadro tem « o raro e singular privilégio de receber apenas elogios em todas as áreas. […] É realmente uma pintura de homem, nervosa, sólida, plena de franqueza ». O quadro não recebeu qualquer recompensa, mas o júri publicou que « por decisão especial, a Senhorita Rosa Bonheur e a Senhora Herbelin, tendo obtido todas as medalhas que se pode conceder aos artistas, as mesmas gozarão, no futuro, das prerrogativas às quais seu talento eminente lhes dão direito. Suas obras serão expostas sem serem submetidas ao exame do júri ». Ernest Gambart, seu agente e amigo, comprou o quadro por 40 mil francos (à época). Após este sucesso, Rosa conquistou um reconhecimento internacional que lhe possibilitou viajar em tournées organizadas por Gambart pela Bélgica e Inglaterra, durante as quais ela foi apresentada a personalidades tais como a Rainha Victoria. Em seguida o quadro foi enviado aos Estados Unidos onde, finalmente, foi comprado pela enorme soma de 268 500 francos-ouro, antes de ser oferecido ao Metropolitan Museum of Art (Museu Metropolitano de Arte) de Nova York.

Após 1855, Rosa passou a evitar participar do Salão, vendendo toda a sua produção antecipadamente. « Nós sempre professamos uma sincera estima pelo talento da Srta. Rosa Bonheur. Com ela, galanteios não são necessários ; ela faz arte seriamente, e podemos tratá-la como a um homem. Para ela, a pintura não é uma espécie de bordadinho », escreveu Théophile Gautier naquele ano.

Atelier de Rosa Bonheur em By.
Em 1860, Rosa Bonheur se instalou em By, região viticultora perto do vilarejo de Thomery em Seine-et-Marne, onde Rosa mandou construir um enorme atelier e organiza espaços para seus animais. Em junho de 1864, a Imperatriz Eugênia visitou Rosa, ocasião que rendeu uma gravura em madeira a partir de um desenho de Auguste Victor Deroy (1825-1906), conservada no castelo de Fontainebleau. A Imperatriz voltou a By no ano seguinte, em 10 junho de 1865, para entregar pessoalmente a Rosa as insígnias de Cavaleiro da Ordem da Legião de Honra, fazendo dela a primeira artista mulher a receber esta distinção. Ela também foi a primeira mulher promovida a Oficial desta Ordem, em abril de 1894.

Em 1880, Rosa Bonheur se instalou em Nice, na residência de Ernest Gambart, a Villa « L'Africaine » (« A Africana »), e ali pintou inúmeras obras.

O Coronel William F. Cody 
(Buffalo Bill) (1889), 
Cody, Buffalo Bill Historical Center.

Convidado por Rosa a visitar suas propriedades por ocasião da Exposição Universal de Paris de 1889, Buffalo Bill lhe ofereceu uma panóplia Sioux (na Idade Média, panóplia era a armadura completa do cavaleiro europeu; por extensão, neste contexto eram as armas exibidas em paredes com fins decorativos). Rosa participou da delegação de artistas francesas que se apresentaram na Exposição Universal de 1893 em Chicago.

Rosa Bonheur deserdou sua família e fez de sua última companheira, Anna Klumpke, sua herdeira através de um acordo que permitiu a esta última continuar morando em By, enquanto que a enorme coleção de estudos acumulados em sessenta anos de trabalho foi vendida por um valor bem alto. 

La foulaison du blé en Camargue 
(A pisadura do trigo em Camargue1899), 
Museu de Belas Artes de Bordeaux.

Após um passeio numa floresta Rosa contraiu uma congestão pulmonar, vindo a falecer em 25 de maio de 1899 no Castelo de By sem ter acabado sua última obra de grandes dimensões, La Foulaison (A Pisadura). Foi enterrada no Cemitério de Père-Lachaise, no túmulo que a família Micas lhe havia concedido.

Túmulo de Rosa Bonheur, 
Cemitério de Père-Lachaise, Paris.

Entre 30 de maio e 8 de junho de 1900, 2.100 obras (quadros, aquarelas, bronzes e gravuras) de seu atelier e de sua coleção particular foram vendidas para a Galeria Georges Petit em Paris. Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, Anna Klumpke retornou aos Estados Unidos, onde nasceu em 1856, lá morrendo em fevereiro de 1942. Em 1948, seus restos mortais foram repatriados para a França e enterrados no túmulo de Rosa Bonheur. O Museu-Castelo de By, em Thomery (perto da floresta de Fontainebleau), residência de Rosa Bonheur, está fechado ao público desde 2015. 

Quanto à mulher Rosa Bonheur, durante a sua juventude no campo, no Castelo Grimont à Quinsac, era chamada de « moleque », reputação que a seguiu durante toda a sua vida e que ela nunca procurou desmentir, usando cabelos curtos e fumando charutos. Ela se dizia consciente de que teria se sentido mais completa se tivesse sido artista e mãe, mas Rosa sempre se recusou a casar pois queria permanecer independente, e também por conta das más recordações que tinha do comportamento de seu pai em relação à sua mãe. E já que o casamento fazia (e, por conta do machismo, em inúmeras situações ainda faz – N.T.) as mulheres subalternas aos homens, ela achava que este compromisso a teria impedido de se dedicar à sua arte. Homossexual, Rosa Bonheur sempre refutou este e outros rótulos. Viveu com duas mulheres: a primeira foi Nathalie Micas, que Rosa conheceu em 1837 quando ambas eram adolescentes e que posteriormente também se tornaria pintora. Nathalie viveu com Rosa até sua morte, em 1889. 
Retrato de Rosa Bonheur (1898), Anna Klumpke,
Metropolitan Museum of Art, Nova York.

A segunda, após a morte de Nathalie, foi a norte-americana Anna Klumpke, também pintora, que Rosa conheceu no outono de 1889 e que tornaria a ver diversas vezes. Anna foi morar com Rosa em By em junho de 1898 para pintar seu retrato e escrever suas memórias. Rosa pediu a ela que permanecesse junto a si, tornando-a sua única herdeira.

« Permissão de travestimento » 
obtida por Rosa Bonheur em 1857.
Mesmo vivendo numa época tão preocupada com as convenções, a vida emancipada que Rosa Bonheur levava não era motivo de escândalo. Para se vestir de forma masculina, Rosa precisou fazer como todas as mulheres da época que desejavam fazer o mesmo : pedir uma « permissão para se travestir » conforme uma ordem de 1800, renovável semestralmente junto à prefeitura de Paris, para poder usar calças compridas para frequentar feiras de animais ou montar a cavalo. Todavia, circulavam inúmeros boatos sobre sua vida privada, o que a fazia sofrer muito. Após deixar seu lar refeito, e tendo seu pai morrido, ela pagou todas as dívidas dele e continuou a ajudar financeiramente seu irmão : alguns dizem que, na verdade, ele era filho de Rosa. As afirmações de que era homossexual também a aborreciam ; ela insistia que a época era tolerante com as mulheres artistas, e que se ela fosse mesmo, não teria o menor problema em assumir.

Com relação à crítica, a carreira de Rosa Bonheur se desenvolveu longe de correntes artísticas e nem sempre foi uma unanimidade junto aos críticos. Não se associou a quaisquer das sucessivas correntes modernas: romântica, realista – sendo esta, no entanto, uma estética bem próxima à sua – nem impressionista, seguindo uma corrente conservadora, « burguesa », à qual todas as demais iam se opondo. Suas posições políticas conservadoras e « agrárias » acentuaram esta associação. Sempre teve uma clientela rica, para a qual ela nunca se negou a pintar os retratos dos animais de companhia.

Após a queda do Segundo Império, enquanto seu sucesso comercial a obriga a agradar a crítica, os que mantêm contato com as tendências do momento começam a duvidar :

« Podem as mulheres ser grandes pintoras ? Ficaríamos tentados a dizer sim quando vemos os bois de Rosa Bonheur, e a dizer talvez, ou mesmo não quando estudamos suas figuras humanas. » — Jules Claretie, 1874.

O modernismo repudiou seu gênero de pintura. Segundo Ambroise Vollard, Paul Cézanne a consideram « uma excelente sub-ordem ». O mundo da arte não a esqueceu totalmente, mas apenas para dizer como François Mauriac : « Eu bem sei que a literatura bucólica tende à facilidade. Eu temo todo o aspecto ‘Rosa Bonheur’ dessa arte ».

No final do Século XX, diversos autores publicaram novas biografias de Rosa Bonheur baseadas no excepcional caráter de sua vida enquanto mulher. Essas obras lhe valeram o resgate de sua notoriedade, enquanto sua produção artística permanece confinada ao kitsch ou ao doentio. O Museu de Belas Artes de Bordeaux, sua cidade natal, organizou em 1997 a primeira mostra retrospectiva desde a morte da artista.

Le Labourage nivernais
(Aragem em Nivernais), 1849.
Rosa Bonheur foi uma pioneira, sendo a primeira pintora a receber, em 1865, a Legião de Honra. A própria Imperatriz Eugênia fez questão de lhe entregar o prêmio, querendo mostrar que « o gênio não tem sexo ». Em 1894, ela se tornou a primeira mulher promovida ao posto de Oficial. Rosa alcançou o nível de grande pintora apesar de todas as barreiras impostas às mulheres com sua obra Le Labourage nivernais (A Aragem em Nivernais) em 1849 devido ao tema, ao tamanho (1,34m de altura por 2,6m de largura) e à composição. Esta obra faz referência à pintura holandesa e à obra literária La Mare au diable (O Pântano do Diabo) de George Sand. Os bovinos atravessam o quadro numa linha horizontal.

Rosa traçou uma estratégia comercial para assegurar sua independência financeira. Organizou um atelier de produção com Nathalie Micas e Juliette Bonheur. Suas obras produzidas em estampas para a Maison Goupil, que procurava colocar a arte ao alcance de todos, lhes assegurou uma ampla divulgação de seus trabalhos. Rosa deu entrevistas, se deixou fotografar e partiu em tournée com seu marchand, indo encontrar sua rede de vendas e promover seus quadros, sendo a primeira artista viva na história da pintura a ver o mercado de arte especular sobre suas obras.

A obra de Rosa Bonheur integra coleções públicas:

Nos Estados Unidos:
·Cody, Centro Histórico Buffalo Bill: Le Colonel William F. Cody – Buffalo Bill (O Coronel William F. Cody – Buffalo Bill), óleo sobre tela;
·Nova York, Museu Metropolitano de Arte :
     ·Marché aux chevaux (Mercado de cavalos, 1853), óleo sobre tela (3 × 5 m);
      ·Veaux (Novilhos, 1879), óleo sobre tela;
·Saint-Louis (Missouri), Museu de Arte de Saint-Louis : Relais de chasse (Revezamento de caça, 1887), óleo sobre tela.

Na França:

·Museu de Belas Artes de Bordeaux : La Foulaison (A Pisadura, 1899), óleo sobre tela;
·Museu d'Évreux : Les Pyrénées (Os Pireneus), óleo sobre tela;
·Palácio de Belas Artes de Lille : Berger landais (Pastor landês), óleo sobre tela;
·Paris, Museu d'Orsay : Labourage nivernais (Aragem em Nivernais, 1849), óleo sobre tela.

Relais de chasse (Revezamento de caça, 1887),
Museu de Arte de Saint-Louis.
Veaux (Novilhos, 1879), Nova York, 
Museu Metropolitano de Arte.
Berger landais (Pastor landês), 
óleo sobre tela, 
Palácio de Belas Artes de Lille.
Les Pyrénées ou le Cirque de Gavarnie 
(Os Pireneus ou o Circo de Gavarnie), Museu de Évreux.



 Na Polônia:
·Museu Nacional de Varsóvia : Sultan et Rosette, les chiens des Famille Czartoryski (Sultão e Rosette, os cães dos Czartoryski, 1853), óleo sobre tela.

Prêmios e honrarias:
·Salão de 1845 : medalha de 3ª classe (seção « Paisagem e Animais ») ;
·Salão de 1848 : medalha de 1ª classe ;
·Salão de 1853 : seus quadros ficam isentos de júri de admissão no Salão ;
·1863 : membro honorário da Academia de Belas Artes da Pensilvânia e da Sociedade de Artistas Belgas ;
·1865 : Cavaleiro da Legião de Honra : decretado no Conselho de Ministros em 8 de junho e assinado pela Imperatriz-Regente ; Cruz de São Carlos do México, outorgada pelo Imperador Maximiliano e pela Imperatriz Carlota ;
·1868 : membro da Academia de Belas Artes de Anvers ;
·1880 : Comandante da Ordem Real de Isabel por Afonso XII de Espanha e Cruz de Leopoldo da Bélgica ;
·1885 : membro honorário da Academia Real de Aquarelistas de Londres e Mérito de Belas Artes de Saxe-Coburg-Gotha ;
·1894 : Oficial da Legião de Honra, primeira mulher neste posto.

Rosa Bonheur recebeu homenagens também ao se tornar nome de ruas em Paris, Bordeaux, Nantes, Thomery, Melun, Fontainebleau, Nice, La Rochelle, Lyon, Belfort, Perpignan, Roubaix, Vesoul e Wasquehal. Seu nome também batizou colégios, escolas primárias e maternais. Rosa Bonheur recebeu homenagens também ao se tornar nome de ruas em Paris, Bordeaux, Nantes, Thomery, Melun, Fontainebleau, Nice, La Rochelle, Lyon, Belfort, Perpignan, Roubaix, Vesoul e Wasquehal. Seu nome também batizou colégios, escolas primárias e maternais. Uma estátua representando Rosa sentada segurando uma paleta se encontra no Jardim Público de Bordeaux.

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel 

Fonte: 
https://fr.wikipedia.org/wiki/Rosa_Bonheur