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lundi 21 mai 2018

Sofonisba Anguissola, pintora, Itália - 1535-1625

Sofonisba Anguissola, Autorretrato, 
1556, Museu de Łańcut, Pologne.

Bianca Ponzoni Anguissola, 
mãe da artista, 
por Sofonisba Anguissola, 1557.
Amilcare Anguissola, 
pai da artista, 
e dois de seus irmãos.
Sofonisba Anguissola nasceu em Cremona em 1535 numa família da pequena nobreza, filha de Amilcare Anguissola e de Bianca Ponzoni, e morreu em Palermo em 1625. Foi uma pintora italiana da corrente maneirista especializada em retratos e que esteve ativa até o início do Século XVII e uma das primeiras a atingir, em vida, o ápice da cena artística europeia. Chegou à Corte de Espanha do Rei Felipe II em 1559 nas funções de dama de honra de Isabel de Valois, professora da Rainha e pintora oficial da Corte até 1573. Ali Sofonisba pintou inúmeros retratos, dentre os quais o do Rei, o de Isabel de Valois, de Ana da Áustria, do poeta Giovanni Battista Caselli de Cremona. Todos estes retratos estão no Museu do Prado, em Madrid. 

 
Partida de xadrez, 
representando as irmãs da artista.

Autorretrato de Sofonisba Anguissola 
com Bernardino Campi, v. 1549.
Sofonisba era a mais velha e a mais conhecida das seis irmãs Anguissola (Sofonisba, Elena, Europa, Lucia, Anna Maria, Minerva). Elas tinham ainda um irmão, Asdrúbal, nascido em 1551. Seu pai era um humanista, e encorajou todos os filhos a desenvolverem seus talentos artísticos. Entre 1546 et 1549, Amilcare matriculou a jovem Sofonisba e sua irmã Elena nas aulas do pintor lombardo Bernardino Campi, então conhecido por seus retratos e obras religiosas. Ainda que não pertencendo à famosa família Campi de Cremona (Vincenzo, Giulio e Antonio), Bernardino possuía um estilo próximo ao dos mestres do maneirismo, em voga na Itália do Norte entre os Séculos XVI e XVII, e assim exerceu uma forte influência sobre o estilo da jovem Sofonisba, que aplicaria os traços essenciais dessa corrente artística em seus trabalhos prediletos, os retratos.

Quando Campi deixou Cremona para viver em Milão, as irmãs continuaram seus estudos com Bernardino Gatti (il Sojaro), um pintor originário de Pavia e Piacenza.

Empresário incansável dos talentos de sua filha, Amilcare Anguissola trabalhou com afinco durante os anos 1550 para torna-la conhecida junto aos ateliers de Mântua, Ferrara, Parma, Urbino e Roma. Sofonisba esteve na Corte de Mântua, perto de Gonzaga, onde conviveu com os alunos de Giulio Romano. Provavelmente também tenha estado em Parma, perto de Farnese, e que tenha conhecido Giulio Clovio, pintor renomado de miniaturas, que a teria iniciado nesta técnica.  Mesmo que não se tenha qualquer sinal de miniaturas pintadas por Sofonisba posteriormente ao seu período cremonês, as fontes da época indicam que ela continuou a praticar esta arte ao longo de toda a sua vida. Ela é citada em Vite (A Vida dos Melhores Pintores, Escultores e Arquitetos) de Giorgio Vasari graças a Michelangelo Buonarroti, reconhecedor do talento que a jovem pintora possuía.

De fato, o pai de Sofonisba havia escrito a Michelangelo para lhe apresentar o trabalho da filha, enviando-lhe desenhos como Criança mordida por uma lagosta, no qual a jovem artista havia imprimido a expressão da dor infantil de uma maneira que muito agradou ao mestre florentino. Aliás, esta mesma expressão pode ser vista em Menino mordido por um lagarto, de Caravaggio.

Isabel de Valois, 
por Sofonisba Anguissola.
Sofonisba passou boa parte de sua vida na Corte de Espanha. Tudo começou quando, em 1559, o Duque Sessa, governador de Milão, obteve para Sofonisba uma recomendação junto à Corte de Espanha e, naquele mesmo ano, a artista deixou definitivamente a Lombardia para juntar-se à Corte de Filipe II, chegando a tempo para assistir, em Guadalajara, ao casamento do Rei com Isabel de Valois, de quem ela logo se tornou dama de honra, e a quem ela deu aulas de desenho. Este cargo rendia à família de Sofonisba em Cremona uma renda anual de 200 Escudos que, mesmo pertencendo à artista, sempre foram embolsados por Amilcare e, depois, por seu irmão Asdrúbal.

Retrato de Filipe II, de 1565,
Museu do Prado (por muito tempo
atribuída a Sanchez Coello,
a obra é, na verdade,
de Sofonisba Anguissola).
Até a morte de sua protetora, em 1568, Sofonisba realizou inúmeros retratos dos membros da Família Real e de seus parentes. Todavia, seu status particular – ela era nobre, dama de companhia, professora de desenho e de pintura da Corte – a impedia de vender suas obras e de ter um atelier. Essas razões, assim como o incêndio do Alcazar, podem explicar o longo esquecimento de sua arte pictórica na Corte de Espanha. Foi somente graças a um longo trabalho de pesquisa que um grande número de retratos pôde ser novamente atribuído a Sofonisba, quase sempre em detrimento do pintor Alonso Sánchez Coello (1642-1693).

Após a morte de Isabel de Valois, os mais próximos da Rainha retornaram às suas Cortes de origem, menos Sofonisba, cujo retorno a Cremona mostrou-se complicado a organizar. Com isso, a Corte de Espanha, reconhecida pelos serviços prestados pela artista, começou a procurar um marido para ela, um italiano, conforme seu desejo. Em maio de 1573, Sofonisba se casou em Madrid, por procuração, com um jovem nobre siciliano, Fabrizio Moncada, cadete do Príncipe de Paternò, que seria seu primeiro marido. No outono daquele ano, a artista se juntou ao marido, levando na bagagem o dote reunido pela Corte de Espanha, a saber uma soma importante, joias e uma vultosa pensão anual. O casal viveu entre o palácio da Família Moncada, em Paternò (perto de Catania, Sicilia) e Palermo. Não há registros de atividade artística de Sofonisba neste período, salvo um escrito contemporâneo indicando que o trabalho da artista “não consistia em retratos, mas [...] em algumas pequenas telas religiosas muito raras.” Em 1578, Fabrizio Moncada morreu no mar, perto de Capri, durante uma viagem à Corte de Espanha. Ao que tudo indica, a morte prematura de Fabrizio teria indisposto sua família em relação a Sofonisba quanto a questões jurídicas relativas à restituição do dote.

Sofonisba foi convidada pela Corte de Espanha a retornar, mas a artista preferiu, com a ajuda de seu irmão Asdrúbal, deixar a Sicília e retornar à Lombardia, sua terra natal. As dificuldades da viagem a fizeram parar na Liguria e a passar algum tempo em Livorno, depois em Pisa, onde por volta do Natal de 1579 ela conheceu Orazio Lomellini, jovem capitão filho de uma grande família genovesa, com quem Sofonisba se casou pela segunda vez, apesar das objeções de seu irmão, da Corte de Espanha e do Grão-Duque da Toscana, ao qual ela responderia numa carta: “Os casamentos se fazem primeiro no céu e, depois, na Terra.”

A rotina do casal era ligada às incessantes viagens de negócio que Orazio fazia entre Genova e Sicilia, inicialmente como capitão de uma embarcação da República – La Patrona –, depois por conta própria, assumindo progressivamente funções cada vez mais elevadas no seio da “nação genovesa” instalada em Palermo.

Apesar dos empecilhos à etiqueta – Orazio não era nobre e o casamento havia ocorrido muito pouco tempo após a morte do primeiro marido –, as relações de Sofonisba com a Corte de Espanha logo se refizeram. Em 1583 ela passou a receber um pagamento una tantum como uma compensação pela perda de Fabrizio. Um ano mais tarde, lhe foi concedida uma terceira pensão anual que ela podia receber na Sicilia.

Em 1615, aos oitenta anos, ela retornou a Palermo, onde seu marido possuía então a maior parte de seus negócios. Ali o casal comprou uma casa no antigo bairro árabe de Seralcadi, onde Sofonisba continuou pintando, apesar da importante diminuição da visão, o que posteriormente a faria abandonar a pintura.

No verão de 1624, Sofonisba recebeu a visita do célebre pintor Anton van Dyck, chamado a Palermo para pintar o retrato do Vice-Rei Emanuel Filiberto de Savoia (filho da Infanta Catarina Micaela). Na ocasião, o jovem pintor desenhou em seus cadernos o retrato da pintora, observando que, apesar de sua visão muito reduzida, “ela dispôs com gosto as telas diante de si e, com muito esforço, olhando bem de perto, conseguiu enxergar alguma coisa”, enquanto que “de memória, e com o espírito vivaz e cortês”, ela “falou sobre várias outras coisas interessantes e me contou uma parte de sua vida”, bem como “sobre a grande pena que tinha de haver perdido sua visão e de não mais poder se dedicar à pintura.” Sofonisba Anguissola morreu no ano seguinte, em 16 de novembro de 1625, aos noventa anos. Está enterrada em Palermo, na Igreja de São Jorge, pertencente à “nação genovesa”.

Ainda que suas obras estejam à altura das de pintores contemporâneos seus, não se pode colocar Sofonisba Anguissola no mesmo ambiente profissional, pois ela sempre praticou sua arte como uma atividade ligada à nobreza, sem jamais ter trabalhado sob comissão, ou seja, por um contrato com cláusulas comerciais, nem ter podido vender qualquer uma de suas obras. No meio de onde veio, e nas Cortes que frequentava, ela não podia pintar para viver, mas recebia, por seus talentos e obras, proteção, rendas, vantagens e presentes condizentes com seu status: peças de tecidos, objetos de valor, joias. Infelizmente os arquives espanhóis referentes a Sofonisba Anguissola se perderam no incêndio que destruiu totalmente o Alcazar Real de Madrid, entre 24 e 28 de dezembro de 1734.

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel

Fontes:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Sofonisba_Anguissola#cite_note-1
http://www.abcgallery.com/a/anguissola/anguissola.html
http://www.artcyclopedia.com/artists/anguissola_sofonisba.html

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