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Sofonisba Anguissola, Autorretrato,
1556, Museu de Łańcut, Pologne.
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Bianca Ponzoni Anguissola,
mãe da artista,
por Sofonisba Anguissola, 1557.
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Amilcare Anguissola,
pai da artista,
e dois de seus irmãos.
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Sofonisba Anguissola nasceu em Cremona em 1535 numa
família da pequena nobreza, filha de Amilcare Anguissola e de Bianca Ponzoni, e
morreu em Palermo em 1625. Foi uma pintora italiana da corrente maneirista
especializada em retratos e que esteve ativa até o início do Século XVII e uma
das primeiras a atingir, em vida, o ápice da cena artística europeia. Chegou à
Corte de Espanha do Rei Felipe II em 1559 nas funções de dama de honra de
Isabel de Valois, professora da Rainha e pintora oficial da Corte até 1573. Ali
Sofonisba pintou inúmeros retratos, dentre os quais o do Rei, o de Isabel de
Valois, de Ana da Áustria, do poeta Giovanni Battista Caselli de Cremona. Todos
estes retratos estão no Museu do Prado, em Madrid.
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Partida de xadrez,
representando as irmãs da artista.
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Autorretrato de
Sofonisba Anguissola
com Bernardino Campi, v. 1549.
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Sofonisba era a mais velha e a mais conhecida das
seis irmãs Anguissola (Sofonisba, Elena, Europa, Lucia, Anna Maria, Minerva).
Elas tinham ainda um irmão, Asdrúbal, nascido em 1551. Seu pai era um
humanista, e encorajou todos os filhos a desenvolverem seus talentos artísticos.
Entre 1546 et 1549, Amilcare matriculou a jovem Sofonisba e sua irmã Elena nas
aulas do pintor lombardo Bernardino Campi, então conhecido por seus retratos e
obras religiosas. Ainda que não pertencendo à famosa família Campi de Cremona
(Vincenzo, Giulio e Antonio), Bernardino possuía um estilo próximo ao dos
mestres do maneirismo, em voga na Itália do Norte entre os Séculos XVI e XVII,
e assim exerceu uma forte influência sobre o estilo da jovem Sofonisba, que
aplicaria os traços essenciais dessa corrente artística em seus trabalhos
prediletos, os retratos.
Quando Campi deixou Cremona para viver em Milão, as irmãs continuaram seus estudos com Bernardino Gatti (il Sojaro), um pintor originário de Pavia e Piacenza.
Quando Campi deixou Cremona para viver em Milão, as irmãs continuaram seus estudos com Bernardino Gatti (il Sojaro), um pintor originário de Pavia e Piacenza.
De fato, o pai de Sofonisba havia escrito a
Michelangelo para lhe apresentar o trabalho da filha, enviando-lhe desenhos como
Criança mordida por uma lagosta, no qual a jovem artista havia imprimido a
expressão da dor infantil de uma maneira que muito agradou ao mestre florentino.
Aliás, esta mesma expressão pode ser vista em Menino mordido por um lagarto, de
Caravaggio.
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Isabel de Valois,
por
Sofonisba Anguissola.
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Retrato de Filipe II,
de 1565,
Museu do Prado (por
muito tempo
atribuída a Sanchez
Coello,
a obra é, na verdade,
de Sofonisba
Anguissola).
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Após a morte de Isabel de Valois, os mais próximos
da Rainha retornaram às suas Cortes de origem, menos Sofonisba, cujo retorno a
Cremona mostrou-se complicado a organizar. Com isso, a Corte de Espanha,
reconhecida pelos serviços prestados pela artista, começou a procurar um marido
para ela, um italiano, conforme seu desejo. Em maio de 1573, Sofonisba se casou
em Madrid, por procuração, com um jovem nobre siciliano, Fabrizio Moncada,
cadete do Príncipe de Paternò, que seria seu primeiro marido. No outono daquele
ano, a artista se juntou ao marido, levando na bagagem o dote reunido pela Corte
de Espanha, a saber uma soma importante, joias e uma vultosa pensão anual. O
casal viveu entre o palácio da Família Moncada, em Paternò (perto de Catania,
Sicilia) e Palermo. Não há registros de atividade artística de Sofonisba neste
período, salvo um escrito contemporâneo indicando que o trabalho da artista “não
consistia em retratos, mas [...] em algumas pequenas telas religiosas muito
raras.” Em 1578, Fabrizio Moncada morreu no mar, perto de Capri, durante uma
viagem à Corte de Espanha. Ao que tudo indica, a morte prematura de Fabrizio
teria indisposto sua família em relação a Sofonisba quanto a questões jurídicas
relativas à restituição do dote.
Sofonisba foi convidada pela Corte de Espanha a
retornar, mas a artista preferiu, com a ajuda de seu irmão Asdrúbal, deixar a
Sicília e retornar à Lombardia, sua terra natal. As dificuldades da viagem a
fizeram parar na Liguria e a passar algum tempo em Livorno, depois em Pisa,
onde por volta do Natal de 1579 ela conheceu Orazio Lomellini, jovem capitão
filho de uma grande família genovesa, com quem Sofonisba se casou pela segunda
vez, apesar das objeções de seu irmão, da Corte de Espanha e do Grão-Duque da
Toscana, ao qual ela responderia numa carta: “Os casamentos se fazem primeiro no
céu e, depois, na Terra.”
A rotina do casal era ligada às incessantes viagens
de negócio que Orazio fazia entre Genova e Sicilia, inicialmente como capitão
de uma embarcação da República – La Patrona –, depois por conta própria,
assumindo progressivamente funções cada vez mais elevadas no seio da “nação
genovesa” instalada em Palermo.
Apesar dos empecilhos à etiqueta – Orazio não era
nobre e o casamento havia ocorrido muito pouco tempo após a morte do primeiro
marido –, as relações de Sofonisba com a Corte de Espanha logo se refizeram. Em
1583 ela passou a receber um pagamento una tantum como uma compensação pela
perda de Fabrizio. Um ano mais tarde, lhe foi concedida uma terceira pensão
anual que ela podia receber na Sicilia.
Em 1615, aos oitenta anos, ela retornou a Palermo,
onde seu marido possuía então a maior parte de seus negócios. Ali o casal
comprou uma casa no antigo bairro árabe de Seralcadi, onde Sofonisba continuou
pintando, apesar da importante diminuição da visão, o que posteriormente a faria
abandonar a pintura.
No verão de 1624, Sofonisba recebeu a visita do
célebre pintor Anton van Dyck, chamado a Palermo para pintar o retrato do
Vice-Rei Emanuel Filiberto de Savoia (filho da Infanta Catarina Micaela). Na
ocasião, o jovem pintor desenhou em seus cadernos o retrato da pintora,
observando que, apesar de sua visão muito reduzida, “ela dispôs com gosto as
telas diante de si e, com muito esforço, olhando bem de perto, conseguiu
enxergar alguma coisa”, enquanto que “de memória, e com o espírito vivaz e
cortês”, ela “falou sobre várias outras coisas interessantes e me contou uma
parte de sua vida”, bem como “sobre a grande pena que tinha de haver perdido
sua visão e de não mais poder se dedicar à pintura.” Sofonisba Anguissola
morreu no ano seguinte, em 16 de novembro de 1625, aos noventa anos. Está
enterrada em Palermo, na Igreja de São Jorge, pertencente à “nação genovesa”.
Ainda que suas obras estejam à altura das de pintores
contemporâneos seus, não se pode colocar Sofonisba Anguissola no mesmo ambiente
profissional, pois ela sempre praticou sua arte como uma atividade ligada à
nobreza, sem jamais ter trabalhado sob comissão, ou seja, por um contrato com
cláusulas comerciais, nem ter podido vender qualquer uma de suas obras. No meio
de onde veio, e nas Cortes que frequentava, ela não podia pintar para viver,
mas recebia, por seus talentos e obras, proteção, rendas, vantagens e presentes
condizentes com seu status: peças de tecidos, objetos de valor, joias. Infelizmente
os arquives espanhóis referentes a Sofonisba Anguissola se perderam no incêndio
que destruiu totalmente o Alcazar Real de Madrid, entre 24 e 28 de dezembro de
1734.
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
Fontes:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Sofonisba_Anguissola#cite_note-1
http://www.abcgallery.com/a/anguissola/anguissola.html
http://www.artcyclopedia.com/artists/anguissola_sofonisba.html
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