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Autorretrato (por
volta de 1878),
Metropolitan Museum of Art, Nova York.
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Mary Stevenson Cassatt, ou simplesmente Mary
Cassatt, foi uma pintora e gravurista norte-americana nasceu em 22 de maio de
1844 em Allegheny, Pensilvânia (EUA) e morreu em 14 de junho de 1926 em Mesnil-Théribus
em França, onde está enterrada.
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Mary Cassatt (de
frente) com
Mme. Joseph Durand-Ruel, em 1910.
Arquivos Durand-Ruel.
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Segundo seus biógrafos, Mary Cassatt teria nascido
em 22 de maio de 1844 em Allegheny City, que atualmente faz parte de Pittsburgh,
na Pensilvânia (EUA), mas em sua certidão de óbito e em sua tumba em
Mesnil-Théribus encontra-se a data de 24 de maio de 1843. Mary era a quarta dentre
os filhos de Robert Simpson Cassat (posteriormente Cassatt) e de Katherine
Kelso Johnston. A família de Mary Cassatt pertencia à grande burguesia
norte-americana, originária de imigrantes franceses huguenotes, vindos da
Holanda após deixarem a França antes da revogação do Edito de Nantes. Os
Cossart chegaram aos Estados Unidos em 1662 e, por volta de 1800, seu nome mudou
para Cassatt. O pai de Mary, Robert Simpson Cassatt (1806-1891), era um homem
de negócios. Sua mãe, Katherine Kelso Johnston (1816-1895), filha de uma
família abastada, recebeu uma excelente educação, e falava fluentemente o
francês. Tiveram sete filhos: Katherine e George, mortos ainda crianças, Lydia
Simpson Cassatt (1837-1882), Alexander Johnston Cassatt (1839-1906), Robert
Kelso Cassatt (1842-1855), Mary (1844-1926) e Joseph Gardner Cassatt
(1849-1911). Mesmo reconhecendo suas origens francesas, Mary Cassatt se sentia
profundamente americana.
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No balcão durante o
Carnaval (1872).
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Aos sete anos de idade, a artista precisou deixar
os Estados Unidos rumo à Europa junto com seus pais, indo se instalar em Paris.
Foram para consultar médicos por conta de um câncer ósseo que acometera seu irmão
Robbie, doença que o mataria em 1855. Na França, Mary aprendeu francês e
alemão, visitou museus e galerias de arte. Em 1855 a família retornou à
Pensilvânia, onde Mary fez aulas de desenho.
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O Toureiro e a Mocinha (1873)
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Em 1860, Mary iniciou sua formação artística ao
entrar para a Academia de Belas Artes da Pensilvânia, onde aprendeu os
rudimentos de sua arte, todavia ela se decepcionou com a formação que ali
recebeu (“na Academia da Filadélfia, a gente desenhava da forma como dava a
partir de cópias velhas ou de antigas esculturas em gesso. Não havia
ensinamentos”, explicou ela a Achille Segard, Segard, p. 6). Ao final do
segundo ano Mary deixou a Academia. Em 1865, voltou a Paris com sua mãe e uma
colega de estudos, Eliza Haldeman. Katherine retornou aos EUA, deixando as duas
moças na “cidade luz”, onde estudaram pintura com o mestre Paul-Constant Soyer.
Também se inscreveram na turma de Charles Chaplin (o pintor e gravador francês),
onde aprenderam a arte do retrato e obtiveram suas carteiras de copistas do Louvre.
Mary foi aluna do pintor Jean-Léon Gérôme e com Eliza visitou Barbizon, num de
seus primeiros contatos com a pintura impressionista. Em 1868, sua Joueuse de mandoline (A bandolinista) é aceita no Salão de
Paris, onde ela descobriria as obras de Manet e Courbet.
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Ida (1874).
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Em 1870 a guerra estourou na França, fazendo Mary
retornar à Pensilvânia. No ano seguinte a artista voltou à Europa numa visita a
Londres, Paris e Turim. Depois se instalou em Parma, onde estudou sobre
Correggio, desenvolvendo sua arte da pintura e se iniciando, junto a Carlo
Raimondi, na arte da gravura. Mais tarde, Mary partiu para a Espanha, onde
descobriu as obras de Rubens do Museu do Prado, que a levaram a visitar Anvers.
Foi a partir de seus estudos sobre Rubens que ela adquiriu o senso de luz e o
gosto pelas cores claras.
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Lydia num balcão
usando
um colar de pérolas (1879).
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Em 1872, o Salão de Paris aceitou suas obras Sur le
balcon durant le carnaval (No balcão durante o Carnaval, 1872), Le Torero et la
jeune fille (O Toureiro e a Mocinha, 1873) e Ida (1874). Esta última atraiu a atenção de Degas para
a artista. Mary, então, se instalou em Paris, onde continuou seus estudos junto
a Couture. Em 1875, seu Portrait de Lydia (Retrato de Lydia) foi recusado pelo Salão de Paris, mas acabou sendo aceito depois que
ela escureceu seu fundo. Naquele ano, Mary conheceu Degas, que viria a ser seu
mestre, de quem recebeu o conselho de juntar-se aos impressionistas.
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A xícara de chá
(1880).
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Quando em 1877 seu último quadro foi recusado pelo
Salão, Degas a encorajou a expor na Quarta Exposição de Pinturas
Impressionistas em 1879. Mary, então, expôs ali seu quadro Lydia dans une loge
portant un collier de perles (Lydia num balcão usando um colar de pérolas, 1879)
e La tasse de thé (A xícara de chá). Mary enviou
onze obras a serem expostas nesse evento.
Mary Cassat se sentia à vontade no meio
impressionista. Mesmo sendo uma figura um pouco atípica naquela corrente, sendo
mais retratista que paisagista, ela possuía o gosto pelo trabalho ao ar livre.
Seu senso de cor e sua busca pelo realismo não eram incompatíveis com o lirismo
e o sentimentalismo próprios ao impressionismo. Sem ser propriamente uma
discípula dos mestres impressionistas, ela se encontrava frequentemente com
Degas, e admirava Pissarro, junto a quem ela acabou indo trabalhar. Mary se
tornou muito amiga de Berthe Morisot.
Por esse tempo seus pais foram se instalar em Paris
junto com sua irmã Lydia, para que esta pudesse se tratar de uma doença do
fígado, e nesse período Mary pintou diversos retratos intimistas de mulheres
(1880). Após a morte da irmã em 1882, Mary iniciou uma série de retratos de
mães e filhos, que se tornaram seus principais objetos de estudo.
Em 1880 Mary participou da quinta exposição de
pintores impressionistas e, em 1881, da sexta, mas no ano seguinte acompanhou
Degas na decisão de não participar do evento. Este vivia um conflito com Renoir,
Monet, Cézanne e Sisley, que não queriam aceitar novos pintores no grupo dos
impressionistas. Mary só viria a participar da oitava exposição dos
impressionistas, em 1886.
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A Meia (v 1891).
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A artista também era agente e conselheira de
grandes amadores da pintura, especialmente o casal Louisine e Henry Osborne Havemeyer (quando
era estudante em Paris, ela havia sido colega de Louisine) e colaboradora de
Paul Durand-Ruel quando este, junto com seu filho Charles, partem em 1886 para
os Estados Unidos com cerca de 300 quadros da Escola Impressionista.
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Mulher fazendo a
toilette,
(1891), ponta seca
e aquatinta.
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Quando em 1891
a Sociedade Anônima de Pintores, Escultores e Gravadores Franceses exclui da
exposição na Durand-Ruel todos os artistas estrangeiros, Mary Cassatt,
indignada, aluga na mesma Durand-Ruel duas salas para expor seus quadros e os
de Pissarro. Félix Fénéon lhe consagrou uma crônica elogiosa no jornal Le Chat
noir.
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Depois do banho,
1891,
ponta seca e
aquatinta,
30 x 22.9 cm,
Clark Art Institute.
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Em 1890,
Mary acabou sendo influenciada em sua arte graças à visita a uma exposição
sobre gravura japonesa, tornando-a uma admiradora das obras de Utamaro e de
Toyokuni. Mesmo que a estética da estampa japonesa a a tenha influenciado
fortemente, a artista não adotou a técnica da xilogravura, característica das
produções extraorientais. Ela preferia as técnicas de entalhe suave, e
praticava a ponta seca, a água-forte e a aquatinta. Seu talento para esta
última técnica, extremamente difícil, lhe valeu uma grande admiração entre seus
companheiros artistas. Mary expôs dez de suas águas-fortes em sua primeira
exposição particular, em 1891, na Durand-Ruel, onde realizaria mais quatro
mostras, bem como na Ambroise Vollard. Expôs também no estrangeiro: em Nova
York (1895-1903) e em Manchester (1907).
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O banho da criança
(1894).
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Mary
continuou sua série de retratos de mulheres e crianças. Conforme Segard, foi no
período de 1890-1910 que ela atingiu o ápice de sua arte, feliz resumo entre o
ascetismo da gravura japonesa e a abundância de cores do seu período
impressionista, evoluindo de acordo com seu humor entre essas diferentes
tendências.
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Margot em azul
(1902).
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A artista também era agente e conselheira de
grandes amadores da pintura, especialmente o casal Louisine e Henry Osborne Havemeyer (quando
era estudante em Paris, ela havia sido colega de Louisine) e colaboradora de
Paul Durand-Ruel quando este, junto com seu filho Charles, partem em 1886 para
os Estados Unidos com cerca de 300 quadros da Escola Impressionista.
Quando em 1891 a Sociedade Anônima de Pintores,
Escultores e Gravadores Franceses exclui da exposição na Durand-Ruel todos os
artistas estrangeiros, Mary Cassatt, indignada, aluga na mesma Durand-Ruel duas
salas para expor seus quadros e os de Pissarro. Félix Fénéon lhe consagrou uma
crônica elogiosa no jornal Le Chat noir.
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Mãe e filho (1903),
pastel.
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Em 1890, Mary acabou sendo influenciada em sua arte
graças à visita a uma exposição sobre gravura japonesa, tornando-a uma
admiradora das obras de Utamaro e de Toyokuni. Mesmo que a estética da estampa
japonesa a a tenha influenciado fortemente, a artista não adotou a técnica da
xilogravura, característica das produções extraorientais. Ela preferia as
técnicas de entalhe suave, e praticava a ponta seca, a água-forte e a
aquatinta. Seu talento para esta última técnica, extremamente difícil, lhe
valeu uma grande admiração entre seus companheiros artistas. Mary expôs dez de
suas águas-fortes em sua primeira exposição particular, em 1891, na
Durand-Ruel, onde realizaria mais quatro mostras, bem como na Ambroise Vollard.
Expôs também no estrangeiro: em Nova York (1895-1903) e em Manchester (1907).
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Retrato de criança
(1907).
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Mary continuou sua série de retratos de mulheres e
crianças. Conforme Segard, foi no período de 1890-1910 que ela atingiu o ápice
de sua arte, feliz resumo entre o ascetismo da gravura japonesa e a abundância
de cores do seu período impressionista, evoluindo de acordo com seu humor entre
essas diferentes tendências.
Em 1892, a artista recebeu a encomenda de um
afresco, atualmente perdido, para o prédio das mulheres da Exposição de
Chicago. Dois anos mais tarde, ela comprou o Castelo de Beaufresne em
Mesnil-Théribus, o qual se tornou sua residência de verão. De 1912 a 1924, Mary
dividiu seu tempo entre Beaufresne e a Villa Angellito, em Grasse.
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Imóvel da Rua de
Marignan
(8º distrito de Paris),
onde Mary Cassatt morou
de 1887 até a sua
morte.
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Seu quadro Caresse (Carícia) lhe valeu, em 1904, o
prêmio Walter Lippincott, mas Mary o recusou por conta de seu espírito de
independência. No mesmo ano, foi condecorada com a Legião de Honra.
Seu pai morreu em 1891, sua mãe em 1895 e seu
irmão, Gardner, em 1911. Essas perdas a afetaram profundamente, e Mary acabou
caindo em depressão. O diabetes e a catarata lhe arruinaram as vistas,
obrigando-a a parar de pintar em 1914, cegando-a definitivamente em 1921.
Morreu em 14 de junho de 926 e foi enterrada em Mesnil-Théribus.
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Placa na fachada da
Rua de Marignan, nº 10.
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Amiga de Edgar Degas, frequentemente ela se ligou
ao impressionismo, que teve grande influência sobre sua obra precoce. Todavia,
suas pinturas, gravuras e desenhos realizados na maturidade devem ser
comparados aos produzidos pela geração de pintores pós-impressionistas:
Toulouse-Lautrec, ou ainda os Nabis, com quem Mary partilhava um nítido
interesse pelos pintores e gravadores de ukiyo-e, período do japonismo.
Castelo de Beaufresne
no Beauvaisis,
casa de campo adquirida
por Mary Cassatt em 1894.
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Mary exerceu igualmente a atividade de agente e
conselheira de grandes amantes da pintura. Seus quadros continuam a ser
mostrados em exposições coletivas ou individuais. Seu nome está inscrito no National Women's Hall of
Fame (Corredor Nacional da Fama das Mulheres).
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O Toreador (1873),
Instituto de Arte de Chicago.
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Exposições:
França
Grupo dos impressionistas
Abril-Maio de 1879
Abril de 1880
Abril de 1881
Maio-Junho de 1886
Exposições particulares
Galerias Durand-Ruel – Abril de 1891
Galerias Durand-Ruel - Novembro-Dezembro de 1893
Galeria Ambroise Vollard - 1907
Galerias Durand-Ruel – Novembro de 1908
Galeria Bernheim-Jeune Março de 1936 : Exposição de
Mulheres Artistas Modernas
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Menininha num sofá
azul (1878),
National Gallery of Art, Washington.
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Nova York - Galerias Durand-Ruel - Abril de 1895
Nova York - Galerias Durand-Ruel - Novembro de 1903
Pittsburgh – Centenário da Academia da Pensilvânia
- 1905
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A Barca (1893-1894),
National Gallery of Art, Washington.
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Inglaterra
Manchester - Nova York - Galerias Durand-Ruel –
Dezembro de 1907-Janeiro de 1908
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
Referências:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Mary_Cassatt
http://www.the-athenaeum.org/art/list.php?m=a&s=tu&aid=374
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